segunda-feira, outubro 09, 2006

Museu da bicicleta

Hahaha!
Às vezes me sinto como se estivesse em Recife. Tudo aqui, em Nijmegen, é o primeiro, melhor, original, mais antigo da Holanda. É que Nijmegen se diz ser a mais antiga cidade da Holanda. Maastricht diz o mesmo de si, mas disso se faz pouco caso aqui.

Muito bem, ontem, domingo de sol e céu azul, fui no Fietsmuseum. Surpreendemente "Fiets" é bicicleta. De onde veio isso? Bom, voltando à vaca fria, trata-se do único museu da bicicleta nos Países Baixos. Passei duas horas lá dentro e fiz descobertas interessantes.

As primeiras "bicicletas" eram máquinas de andar que tinham rodas. Pedal e corrente não existiam, e as ruas eram pouco planas. Li as instuções originais de como manusear uma engenhoca daquelas. Muito engraçado. Na descida, a velocidade da "bicicleta" é superior à de um cavalo a galope. Levante as pernas, mas tenha o cuidado de evitar tocar as rodas, porque isso pode ser perigoso.
As bicicletas eram feitas em madeira e eram apelidadas de "boneshaker", porque as ruas eram esburacadas e a madeira não absorve muito bem o impacto. aliás, eram perigosas máquinas, essas bicicletas e só os homens mais corajosos se aventuravam nelas.

Aí inventaram pedais. Maravilha! Os pedais ficavam diretamente no eixo da roda dianteira, e a pessoa meio que pedalava um monociclo. O peso do usuário era sobre a roda da frente. O ângulo do garfo era reto, ou seja, nada de absorção de impacto.

Daí inventaram o freio! Uma tira de couro que vinha do guidom até o garfo precisava ser puxada pra pressionar uma trava sobre a roda dianteira. Era preciso tirar uma mão do guidom para frear.

Daí então se ligaram que as bicicletas de madeira exigiam técnicas de conserto complicadas, e que as de aço eram mais resistentes.

Logo perceberam que quanto maior a roda, mais rápido a bicicleta se movimentava. Aí a roda da frente foi crescendo. Ao mesmo tempo, foram desenvolvidas Safety Bicycles, em que o peso era deslocado para trás (porque o pedal não ficava mais na roda da frente, mas como é hoje, com corrente e coroa e catraca), o ângulo do garfo na roda dianteira não era mais reto, mas do jeito que é hoje, as rodas tinham tamanhos iguais e o freio ficava perto da mão no guidom.

Por fim, um sujeito chamado John Boyd Dunlop (e aí, campineiros, esse nome lhes diz alguma coisa???) resolveu amortecer o impacto das rodas e colocou tubos de latex nas rodas. Pneu!!! Começaram a divulgar a bicicleta como meio de transporte, construir pistas de corrida (1885 foi a primeira em Nijmegen) promover competições, colocar proteções na roda traseira e corrente, pras saias das mulheres não engancharem ali, e colocar outros apetrechos nas bicicletas.

Durante todo o processo sempre existiram triciclos, carruagens com pedal, diciclos e tandems. A tandem mais da hora que eu vi foi uma que tinha o selim da pessoa de trás mais alto que o selim da frente. Pedalar em escadinha!!! As dobráveis surgiram durante a guerra, por questões de logística.

Meus conhecimentos de mecânica não são lá muito extensos, por isso não entendi um mecanismo que eu vi e pude manipular: era possível pedalar tanto pra frente como pra trás, que a catraca continuava girando pra frente. É, a corrente perfazia um caminho mais comprido, cruzava e passava por roldanas, mas mesmo assim.... Bizarro.

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