quarta-feira, outubro 18, 2006

Lendo os sinais

Eu queria, a princípio, preservar o anonimato das pessoas que moram na minha casa, mas essa do Kaleem merece ser publicada.

Kaleem é o último que entrou em casa. Ele é do Paquistão, fala Urdu e inglês, tem um monte de amigos paquistaneses-com-cara-de-indianos aqui e está se acostumando à casa. Ontem cheguei em casa e ele tava na frente da porta da Annelies, a filha do dono que está de férias em Recife. Tem um cartaz pregado nessa porta, desenhado por uma criança, com uma caveira em cima e os dizeres, em holandês, de que ali é proibido entrar. Kaleem tava examinado o cartaz e me perguntou o que tem atrás da porta. Aqui tá dizendo que é melhor não entrar, né? Isso mesmo, Kaleem.

Fui colocando a mochila na cadeira, tirando as compras de dentro dela e ele me disse que tava agoniado por causa da mala dele, que tinha ido parar em Frankfurt, mas seria entregue em casa às 13:00. Ele queria saber se estaria em casa nesse horário pra receber as malas, viu a porta do meu quarto aberta, então ele achou que eu estaria lá, mas eu não estava. Então, Kaleem, quando a porta estiver fechada, é porque eu estou dentro do quarto.

A nossa casa tem um escritório na parte em que seria a sala, e o pai da Annelies trabalha lá de vez em quando. Há uma porta entre o corredor e o escritório. Nessa porta tem uma plaquinha em que está escrito OPEN. Se virar a plaquinha, estará escrito CLOSED. Kaleem perguntou se ele deveria perguntar no escritório, se alguém poderia receber as malas por ele. Não tem ninguém no escritório, Kaleem, ali é só o pai da Annelies que trabalha de noite, dia sim, dia não. Mas a plaquinha está dizendo que está aberto! É só uma plaquinha, Kaleem.

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