segunda-feira, outubro 09, 2006

Fora do mapa

Fui pedalar lá pros lados do rio Reno, que aqui se chama Waal, pra ver um pouco de água e passear pelos diques daqui. Antes de sair de casa, olhei bem pro mapa e decidi que caminho fazer. Quando cheguei perto do centro da cidade, que fica perto do rio, mudei de idéia e atravessei o Waal em outro lugar. Tirei um monte de fotos, até a câmera digital avisar que a pilha tava fraca. Putz, a coisa precisa de pilha pra funciar!!! Que nóia! Muito bem, tirei a pilha do farol da bicicleta e troquei pelas pilhas da câmera. Deu pra tirar mais uma foto, aí a câmera mandou eu trocar as pilhas. De novo? Pra onde vai essa energia toda? Guardei a máquina, fechei o farol da bicicleta e atravessei o rio de novo, achando que eu ia cair no centro de Nijmegen, achar um posto de gasolina e comprar pilhas Duracel.

Cadê a civilação? Plantação de batatas de um lado, de milho do outro, cheiro de bosta de vaca por todos os lados e nada de torre de igreja, prédios e casas. Eu estava perto de uma rodovia que indicava direções pra Rotterdam e Arnhem. Só que as duas cidades ficam a oeste e norte, respectivamente, de Nijmegen. Socorro! Onde é que eu estou?? Olhei no mapa e me dei conta de que eu estava num lugar que não estava desenhado no mapa. Pra variar.

Uma placa na ciclovia indicava pra Oosterhout, a 9km pra direita. Isso tava no mapa, e fica a ... sei lá, 5km de Nijmegen. Beleza.

A segunda hora em cima da bike estava se completando e a bexiga clamando por um banheiro. O que está errado? No Brasil sempre tem um posto de gasolina no meio do caminho. Aqui tinha diques, água, lagos, rios e mais água. Ãh...

Passei por uma plantação de peras e, como elas tavam muito perto da estrada, não pareciam ser macias e suculentas, mas sim durinhas e mais pra azedas. Apesar de não gostar de peras, roubei duas. Mordi a primeira e segui pedalando. Uau, essas peras são daquelas que não se acha em supermercado, mas sim em pomares (alheios) e lembro que a minha vó fazia compota delas, porque ela as considerava incomestíveis in natura. Topei com um moço trepado numa escada, colhendo peras. Perguntei pelo caminho pra Nijmegen e ele me deu instruções em holandês. Ainda bem que os ocidentais, quando dão indicações de direção, se viram na direção do lugar e apontam pra lá. Entendi tudo e agradeci. Ele olhou pra pera na minha mão e sorriu.

Em Oosterhout tinha um posto de gasolina, pro meu alívio. A temperatura foi caindo, os All Star foram me lembrando cada vez mais claramente que são feitos de pano e que o ar frio passa pelo pano.

Em casa, abri um outro mapa na mesa da cozinha e refiz o trajeto que pedalei (por 3 horas) com o dedo. Boti tava lá e disse que nunca iria tão longe de bicicleta. Eu disse pois é, eu não tinha planejado me perder...

Nenhum comentário: