terça-feira, outubro 31, 2006

Lixo na rua


Achei muito bisonha essa imagem. Era o dia em que o caminhão de lixo passaria recolhendo Sperrmüll. Isso significa o lixo que não cabe no saco amarelo, cinza ou no tonel ou na caixa de compostagem.

Os alemães dedicam muito tempo de suas existências ao lixo: separam o lixo meticulosamente.

O saco amarelo acumula plásticos e embalagens limpas.
O cinza é pra metais, tipo alumínio. Cada um deles é recolhido segundo um calendário que toda dona de casa tem pendurado na cozinha.
Uma caixa separa papel de todas as qualidades,
outra junta vidros de todas as cores e tonalidades.
No quintal se pode juntar lixo orgânico para compostagem, mediante consentimento de alguma autoridade responsável.
O tonel agrega lixos inclassificáveis, o que acaba se resumindo a restos de comida e bituca de cigarros na maioria das casas.

Acho que ão esqueci de nenhum dos lixos que os germânicos guardam em suas residências ao longo de semanas. Claro, por fim, o que fazer com a torradeira que queimou? Ou a cadeira de plástico da criança? A barraca que compramos numa liquidação? O sofá que não combina mais com o resto da sala? A lâmpada que entortou sob o peso da criançada? O liquidificador obsoleto?
Sperrmüll. Num dia específico, que não se repete muitas vezes ao ano, mas está marcado naquele calendário pendurado na parede da cozinha, o caminhão passa recolhendo esse tipo de lixos. É preciso aumentar o número de funcionários que executam a remoção de cacarecos das calçadas, mas eles não precisam correr atrás de um caminhão fedorento.

E quem for esperto, pode esperar pelo ônibus sentado num sofá.

Casa típica

Essa é uma casa típica de Hessen, estado em que fica Frankfurt. As típicas do norte são de tijolo à vista, essas são desse jeito. Meu vocabulário do universo imobiliário é restrito...

Modelo de paraciclo

Se o Campinas Cicloviável ainda estiver precisando de modelos de paraciclos, aqui vai um desenvolvido por Hundertwasser.

Hundertwasserhaus

Uma das casas do artista. Não sei quantas pessantos moram aqui, mas me disseram que não há cantos na casa, é tudo arredondado. Pena que não passamos em frente de dia, pra podermos apreciar o festival de cores dançantes na decoração.

Sem Flash

Não usar flash de noite apresenta esses efeitos surpreendentemente fantasmagóricos.
Daniel descendo as escadas da torre que está aberta a visitações faz pouco tempo.

Mesma árvore



Vista de cima

Detalhe


Talvez este detalhe da árvore que teimou em brotar e crescer no alto da fortificação seja de alguma valia no esforço de lembrar de Schloss Auerbach. Estamos a muitos metros do chão, expostos ao livre-arbítrio do vento.

Schloss Auerbach


Esqueci de perguntar pra minha mãe, no telefone, se já estivemos nesse castelo antes. Me pareceu tão familiar...

Veja bem: a primeira vez que viajamos à Alemanha, meu pai nos levou a 9 castelos, palácios e fortificações de toda espécie em menos de um mês. Cheguei a comprar cartões postais dos diversos castelos e afins, para que as imagens me auxiliassem a memória, mas eles apenas provaram sua utilidade muitos anos depois, nas aulas de inglês ou alemão. Por que você gostaria de morar aqui e não em São Paulo? Use adjetivos adequados, flexione-os de acordo com o grau comparativo e superlativo.

Bike sem selim

Tinha uns doidos fazendo acrobacias nas pedras do Felsenmeer. Da hora! É só pra isso que serve uma bicicleta sem selim....

Mar de rocha

Chris e Daniel estão na ponte sobre o Felsenmeer. Rio, não extamente mar, mas tá valendo. Em volta é tudo floresta, e só essa veia é de pedras. Uma cascata de rocha. Subimos isso tudo, junto com todas as crianças que gritavam MAMA!!! e os pais que pediam pras crianças esperarem e o cachorro que subiu isso tudo abanando o rabo.
Eu queria mostrar mais fotos dessa paisagem inusitada, mas acho que ora dessa vez vou preferir dormir na hora de dormir.

Consegui

Essa é a Chris. A conexão wireless não tá muito boa, tá demorando pra fazer o upload, e eu tinha quase desistido de publicar qualquer foto das tantas que fiz...

Chris

Chris e Daniel me levaram pra tudo quanto é lugar. Conheci Darmstadt com a Mathildenhöhe e seu jardim de rosas perfumadas. Lá vimos a igreja russa ortodoxa com suas cebolas douradas, uma mãe envolta num véu, empurrando seu carrinho de nenê por entre as roseiras; deixando apenas os olhos à mostra. Invejamos a moça pelos panos quando começou a chover.

Subimos a estradinha de muitas curvas e muitas folhas amareladas caídas no chão até o castelo de Frankenstein. Sim, Frankenstein. Pena que tavam decorando o castelo pra festa Helloween que vai acontecer hoje de noite. Não pudemos entrar no castelo e imaginar Dr. Frankenstein tramando seus planos e desenhando esboços de seu projeto nas paredes frias da muralha.

Almojantamos churrasco e tinha carne de porco, claro, estamos na Alemanha! Mas Daniel é açougueiro de profissão e escolheu cortes do ombro do porco. Pouca gordura, mas macia.

ICE pra Frankfurt

Há trens internacionais que fazem a linha Amsterdam - Frankfurt a cada duas horas. Eu peguei o que passa em Arnhem às 18:14. Fiquei intrigada por que a moça não me vendeu a passagem pra que eu pudesse pegar o trem no horário anterior. Teria dado tempo.

O trem chegou 10 minutos atrasado e não havia assentos vagos. Sentei no corredor, no chão mesmo. Era difícil ler nessas condições, porque sempre tinha gente passando. Gente que não tinha desistido de achar um lugar pra sentar numa poltrona, gente passando com malas grandes e pesadas, o funcionário do vagão bistrô empurrando o carrinho de bebidas, gente de toda sorte e com todo tipo de peso pendurado em si.
Apesar das adversidades, terminei de ler mais um livro.

Se os controladores de passagens não tivessem carimbado as nossas passagens, poderíamos tê-las usado de novo. Mas a equipe de controladores alemães assumiu o seu posto depois de Köln e cumpriu o seu dever. Os passageiros deram vazão ao seu mau-humor, mostraram que tinham comprado tickets na primeira classe e agora tinham que se contentar em ficar em pé. Sinto muito, não posso fazer nada. O senhor deu azar.

Um dos que estavam em pé precisava de um ouvinte. Achou um par de olhos simpáticos e calmos e se pôs a falar mal do sistema de trens alemães. O seu ouvinte era um ex-funcionário do sistema ferroviário holandês. Aqui, na Holanda, as coisas são mais punk-rock que na Alemanha, segundo aprendi.

Foi nesse clima de descontentamento que se falou dos motivos do atraso que já era de 30 minutos. O trem antes do nosso tinha pegado fogo na estação.
A moça ao lado do senhor dos olhos tranqüilos explicou que ela estava na estação e ouviu a mensagem que foi transmitida através dos alto-falantes: senhores passageiros, por favor não entrem no trem estacionado na plataforma 5, ele está pegando fogo.

Com 45 minutos de atraso acumulados, cheguei em Frankfurt. Comprei passagem pra Darmstadt, e o trem saiu com 10 minutos de atraso, porque era necessário dar tempo aos perdidos para que achassem seus respectivos trens. Pensei no prestígio que um ICE tem. Será que se fosse um trem regional, os outros trens esperariam?

sexta-feira, outubro 27, 2006

Passagem pra Frankfurt

Resolvi ir visitar a minha amiga em Reinheim, que fica perto de Darmstadt, que fica perto de Frankfurt.

Ontem eu fui na estação de trem em Nijmegen e pedi uma passagem pra Reinheim. Não tem. Darmstadt, então. Também não tem. Voltei pra universidade, sentei na frente do computador e me pus a procurar por possibilidades. Descobri que Frankfurt é um dos destinos internacionais que o trem que sai de Nijmegen pode alcançar.
Só não sabia o horário nem preço, mas fiz a mochila e hoje voltei na estação.

Pedi passagem pra Frankfurt. O próximo horário é às 17: 54. E eu de mochila nas costas às 2 da tarde. Tá, então vou nesse trem. Ela começou a cantar os preços. 64 e uns trocados. Eu pensei puxa, que salgado. Mais 19 e alguma coisa, eu pensei quê é isso? Mais 3 e pouquinho e eu pensei vixe, não vai parar nunca? Total 87 e uns quebrados.
Acho que a moça atrás do balcão não percebeu que toda a cor fugiu do meu rosto, que as palmas das minhas mãos tavam molhadas e que o meu olhar estava atônito.

Chegando em Frankfurt eu ainda tenho que pegar trens pra Reinheim e eu não sei o preço disso.
Este vai ser um dos fins de semana mais caros que eu me dou de presente.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Já se foi

O meu laptop novinho já se foi pro conserto.
Eu tenho muita sorte com essas coisas.
Demorei uma semana pra poder usar a Amarilda.
Agora o laptop.

Ontem todo mundo lá de casa ficou comigo até altas horas, tentando descobrir por que cargas d´água ele não fazia a conexão wireless. E o meu computador tá todo em alemão, e ninguém entende essa língua, então eu tinha que traduzir as coisas que eu não entendo.

Levei na loja de consertos e o cara disse que os drivers tavam bem, que o problema é que provavelmente o firewall tava bloqueando a internet. Potente, esse firewall. Tão eficiente, que nem deixa a conexão acontecer.

Na loja os homens estão atarefados, assoberbados de trabalho. Só busco a máquina na semana que vem, na terça ou quarta.

Eu queria que essas coisas fossem mais simples.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Espelho

Parece que o Philip tá se olhando num espelho de pedra...

Velotaxis




Essas fotos não couberam na
fotonovela, porque não andamos de ciclotaxi, mas ficam aqui como um curiosum.

Hm...



Só pra ter certeza de que estou na Holanda, onde as cores quentes predominam ...

Mas eu estou na Holanda!

Agora são férias de outono aqui e as pessoas estão viajando.
Eu e os meus pais viajamos pra Dresden, voltamos pra Nordwohlde e descemos pra Nijmegen, pra eles verem onde e como eu moro aqui.
Esqueci de fazer reserva em hotel. Muito ruim. Todos os hotéis com preço acessível estavam lotados. Não imaginava que isso pudesse acontecer na Holanda!!Ficaram num hotel caro pra carai.

Depois da longa viagem, da longa procura por hotel e do cansaço psicológico que esses dois me causam, eu me atirei ao meu mais novo brinquedo. O notebook.
Meia-noite Kaleem bate na minha porta e se desculpa por não ter conversado com os meus pais, por não ter dado atenção, é que os amigos dele tavam na porta, então não deu pra sentar e conhecê-los melhor. Opa, opa, isso é papo de namorado, não de pessoa que mora na mesma república! Ou será que no Pakistão os pais são muito mais valorizados do que na Europa? Bom, deve ser cultural...

Desço pro escritório, pra pelo menos ligar o fio de telefone no computador, já que a máquina não acha a conexão wireless. Subo às duas da madrugada e cadê a luz? Tudo apagado e morto, sem energia no terceiro andar. Então quer dizer que aqui na Holanda a força também cai...

Desço pro segundo, em que há luz, e vou no banheiro. Algum sonâmbulo mijou no chão. Puxa, dentro da minha casa...

Acendo uma vela no quarto, que está cheio de caixas, isopores, plásticos, a mochila fechada num canto e procuro pela minha cama. Eu demoro muito pra dormir se não ler antes. Demorei um tempão pra adormecer.

Às 5:00 volta a energia pra dentro de todos os fios da casa, acendendo as lâmpadas que eu esqueci de apagar no quarto. Maravilha.

Às 6:00 ouço Kaleem palestrando no telefone. Por que ele fala tão alto? Acho que tem a ver com o Ramadan, ou os fusos horários, mas eu sei que ele está falando em Urdu com algum familiar. Mas eu estou na Holanda, querendo dormir!

Às 7:00 ouço a porta do Ruben bater com gosto, ele está indo pro trabalho, cheio de energia, depois de uma boa noite de sono. Será que em Barcelona todo mundo acorda tão elétrico?

Às 8:00 o meu despertador toca, me lembrando que eu tinha concordado em ir ao Bijbelsmuseum com os meus pais de manhã. Igreja de novo? Mas eu estou em casa, na minha cama!!!

Às 11:00 fico parada, extasiada, na frente dos quatro camelos que há no museu a céu aberto. Eles movem o pescoço como uma cobra que tem a cabeça pesada demais. Onde é mesmo que eu estou? Jerusalém?

Turismo eclesiástico

Fazer turismo com os meus pais significa, necessariamente, visitar igrejas ou coisas afins. Hoje fomos ao museu bíblico. Sim, isso existe e chama Bijbelsmuseum. Bibelmuseum em alemão.
Passamos a manhã caminhando num parque, porque o museu é a céu aberto. O barato é visitar uma cidadezinha judaica, um acampamento árabe, uma réplica das casas de tempos idos e ver maquetes de tudo quanto é coisa, tipo um vilarejo egício. Museu das religiões talvez seja adequado.

Pra mim foi uma grande brincadeira de esconde-esconde com os meus pais. Eu ia na frente, me embrenhava nas casinhas e no mato e depois aparecia de novo.

Agora a minha bateria pra coisas ligadas a religião está cheia e só vou querer saber de igreja ou religião em uma década.

Pogresso

Estou escrevendo do meu novo laptop. Isso é bom. O ruim é que ele me ocupa muito tempo de vida: essa máquina tá sem antivirus e sem Word e a conexão wireless não está sendo achada, apesar de eu estar sentada do lado da estação.
Digitar aqui é diferente, d[a d[o de apertar as teclas....

segunda-feira, outubro 23, 2006

Fotonovela


Fiz uma fotonovela, mas infelizmente ela termina aqui.
Pra não perder nenhum capítulo dessa trama, desça umas 64 fotos. Essa aí será inserida numa série chamada "frutinhas que não são de comer".

Liberando a van




Pronto.
Philip e Julia ajudaram a tirar tudo da van, mamãe e eu colocamos as esculturas de volta nos seus devidos lugares, na sala, papai e eu devolvemos a van lá em Hoya e depois levei o Philip e a Julia pra casa deles.
Engraçado, parece que o dia foi tão agitado, que é estranho estar parada na frente do computador por tanto tempo, sem fazer nada....

A viagem de volta


Essa é a parada pro almoço. A viagem de volta foi bem mais curta que a de ida, porque só pegamos um congestionamento. Na porta de casa, em Bremen, tudo parou. Mas tudo bem, eram só obras na pista, nenhum acidente grave, pessoa trafegando pela contramão ou um papagaio ou cachorro atordoado andando na pista. Isso tudo pode parecer bizarro, mas é o que o rádio nos contava nas interrupções que fazia na viagem de ida. Os motivos pros congestionamentos, além do fato de ser sexta-feira e haver um maior contingente de veículos nas Autobahn daqui, eram principalmente acidentes e desatentos que entram na autobahn pela contramão. E gente que deixa o animal de estimação escapar pela janela do carro....


Desmontando tudo





Passamos a tarde desparafusando parafusos, guardando parafusos nos bolsos, segurando varas de alumínio, embalando esculturas, escalando o púlpito (foi legal!), empurrando o carrinho com caixas pesadas até a van, calculando espaços e experimentando frustrações de ordem logística.

Fotos antes de desmontar





Fomos pra Christuskirche, onde as esculturas estavam expostas e foi lá que eu vi a maioria das esculturas da minha mãe pela primeira vez.
Tive que fotografá-las todas antes de serem empacotadas em plástico-bolha e cobertores e serem encaixotadas em caixas brancas com tampa, todas iguais.

Um dia a minha mãe me descreveu a escultura que está enraizada no chão, mas tem asas, quer levantar vôo, está com o olhar na distância, mas as raízes a seguram. Pensei um pouco e lembrei de Pink Floyd! Learning to fly! Achei a tradução da letra num site aí da vida e mandei pra ela. Ficou decepcionada. Achou que tinha tido uma idéia genial e original....


Essa se chama Muda de Pele e é bem alguém saindo da sua casca.



Essa é Água da Vida

Esse é o Casal

Essa se chama Medo

Essa tá pela metade, mas tá valendo. A outra metade já está encaixotada....

Moinho das drogas



Almoçamos um almoço de domingo num lugar chamado Drogenmühle. Moinho das Drogas. O cardápio era todo cheio de ervas e a carta de chás ocupava uma página toda.
Engraçado: as carnes e batatas eram envoltos em grossas camadas de ervas e molhos feitos com ervas, mas não tinha verduras ou legumes na mesa... Grande coisa!

Voltando pra Heidenau





As esculturas da minha mãe estavam expostas em Heidenau, onde mora a Martina. Antes de pegarmos o trem pra desmontar toda a exposição, consegui me impor e voltamos ao Grande Parque. Não andamos muito, porque havia restrições de tempo e fôlego.

Foto noturna


Enquanto a gente esperava o bonde passar, tirei essa foto das folhas das árvores.