terça-feira, abril 10, 2007

Um livro de 635 páginas

Terminei de ler um livro que me acompanhou por muito tempo. American Gods, do Neil Gaiman. Gaiman, que fez Sandman! Muitas páginas, muitas estórias que se entrelaçam, muitas fantasias, muitas memórias e idéias. Vou citar as passagens que mais brilharam no livro todo, e que me lembraram um mundo distante em mim mesma.

"There are stories that are true, in which each individual´s tale is unique and tragic, and the worst of the tragedy is that we have heard it before, and we cannot allow ourselves to feel it too deeply. We built a shell around it like an oyster dealing with a painful particle of grit, coating it with smooth pearl layers in order to cope. This is how we walk and talk and function, day in, day out, immune to others´ pain and loss. If it were to touch us it would cripple us or make saints of us; but, for the most part, it does not touch us. We cannot allow it to." (p. 345)

Isso se aplica a qualquer um que conhece a miséria dos outros. Eu ia escrever algo sobre Brasil, São Paulo, fome, frio, desespero, desamparo e descrença. Mas aqui também há pedintes, aqui também há aqueles que não se encaixam na sociedade, aqueles que sofrem, aqueles que não vêem beleza na vida faz muito tempo.
" 'Have you thought about what it means to be a god?'
(...) 'It means you give up your mortal existence to become a meme: something that lives forever in people's minds, like a nursery rhyme. It means that everyone gets to recreate you in their own minds. You barely have your own identity any more. Instead, you're a thousand aspects of what peolpe need you to be. (...)'
'Like I said. You have to be all things to all people. Pretty soon, you're spread so thin you're hardly there at all.'" (p. 504)

Essa parte me faz pensar no esforço das igrejas de unificar, afunilar as crenças dos crentes numa imagem de Deus. Não vale cada indivíduo criar o seu Deus à sua imagem e semelhança. Isso daria em dispersão, entropia, caos. Igreja é ser uma comunidade de pessoas que compartilham das mesmas crenças. Tudo bem, o tema anda povoando os meus pensamentos ultimamente...

"He sat down on a grassy bank and looked at the city that surrounded him, and thought, one day he would have to go home. And one day he would have to make a home to go back to. He wondered whether home was a thing that happened to a place after a while, or if it was something that you found in the end, if you simply walked and waited and willed it long enough." (p. 633)

Pois é. Eu estou convencida de que o Brasil é o meu país. Apesar das vezes que eu caminho pelas ruas de lá e penso que estou em outro país. Apesar da vontade de não estar lá sempre. Apesar de não saber a qual cidade eu pertenço. Mas é lá que me sinto à vontade em português, é lá que eu tenho amigos que me fazem rir, é lá que o sol brilha pra me acordar de manhã.

Um comentário:

Unknown disse...

Hey... ouvi falar em entropia, caos?!!
beijo
Christian