Antes de sair daqui, eu tava ouvindo Yes e Jethro Tull e Stanton Moore e essas coisas onde os instrumentos musicais são protagonistas.
Em Nordwohlde, caí num samba diluído de Maria Bethânia e Marisa Monte e dei uma matada de saudade da Mercedes Soza. Aí são as vozes que se destacam.
Desde que voltei, ando ouvindo o meu presente de aniversário do Philip: um CD com música eletrônica. Não sei bem se é essa, a categoria. Pode ser que seja lounge, pode ser que seja chillout, pode ser que seja música de rave. Não sei mais se ainda dá pra falar em compositor, instrumentista, esses termos clássicos. As vozes que eu ouço são sintetizadas. Sou incapaz de atribuir os sons que eu ouço a um instrumento, seja de corda, metal ou madeira. Suspeito que um sampler solta esses sons. As músicas seguem um padrão muito claro: começam como leve chuva de verão, se intensificam, se repetem, há momentos em que tons isolados se alongam, como se estivessem pendurados na beira de um abismo, por um fio invisível e depois outros ritmos se misturam, repetem e a faixa termina. Não há fechamento, acho que o DJ simplesmente abaixa o volume. As faixas são muito parecidas umas com as outras, mas ainda assim é possível perceber que uma música segue a outra. Bom, eu não percebi. (O meu tocador de CDs precisa se acostumar com os CDs que ele toca primeiro, e nessa fase de adaptação, ele faz os CDs novatos pularem. Pulam alguns segundos pra frente, um minuto pra trás, pra faixa seguinte, pra anterior, pro fim do CD. Uma maravilha. Os meus Cds de rock´n roll já não pulam mais. Passaram no teste e foram aceitos pela máquina, que foi vencida pelo cansaço.) Quando eu pus o CD do Bonobo, ele tocou por um bom tempo, até eu achar que pronto, né, deu! Essa música não vai pra lugar nenhum... e não ia mesmo, porque tava pulando sempre pro mesmo lugar, na primeira música. Passei pra faixa seguinte e não percebi que o mesmo aconteceu de novo. Devo ter gastado uma hora pra ouvir trechos das duas primeiras músicas repetidas vezes, e o pior: sem perceber, dada a natureza da música. Ó, chegou na faixa 12, mas eu não lembro de ter ouvido aquelas 9 no meio...
Acho engraçado como a convivência faz gostos convergirem. Philip e eu ouvíamos coisas parecidas. Não que eu não goste do que eu tô ouvindo agora, mas o meu gosto tomou outro rumo, e tenho cá pra mim que ele não curte muito o que eu ouço agora.
Acho engraçado como o Philip se posiciona frente à Música. Houve uma época em que ele tocava em 3 bandas e dava aula de bateria. Numa banda ele tocava baixo, na outra era violão, na outra ele cantava. Baterista de formação, ele não tocava o seu instrumento em nenhuma das bandas. Acho que só em uma banda ele fazia o tipo de música que ele gostava de ouvir. Ele dizia que nas outras duas bandas, ele fazia música que era divertido de fazer, não de ouvir.
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