Kaleem convidou uns amigos pra almoçar aqui. Ela usava muitos panos na cabeça, ele tinha as sobrancelhas fartas. Das crianças, o menino mais velho tinha dentes na boca, o menino mais novo ainda não tinha dentes, mas já andava.
Criança quer colo,
quer atenção,
quer mais atenção que o irmão.
Quando os dois meninos se entediaram da cozinha e do que havia em cima da mesa, foram explorar o corredor que termina na escada e passa por várias portas fechadas. Nada de muito extraordinário no corredor, mas havia lá uma mesinha com os entulhos da reforma. O menino menor não conseguia ver com os olhos o que havia em cima da mesa. Esticou o braço e viu, com as mãos, uma caixinha de plástico. A pequena mão agarrou a caixinha e a trouxe até os olhos. Tinha alguma coisa dentro da caixinha. Alguma coisa que faz barulho. O bracinho chacoalhou a caixinha no ar, a boca riu de felicidade, os ouvidos ouviram um som metálico contra o plástico e depois contra o chão. Todos os pregos que estavam na caixinha se espalharam no chão. O irmão mais velho já está do lado, observando. O menino menor se agacha, mas ainda não tem o treino suficiente para se equilibrar enquanto está de cócoras e ao mesmo tempo catar os pregos jogados no chão. O mais velho simplesmente senta no chão e junta pregos. Quem segura a caixinha de plástico é o menino menor. Mas ele está tão preocupado em se equilibrar na posição em que está, que gesticula com os braços, de modo que os últimos pregos que ainda estavam na caixinha caem no chão também. Os dois meninos juntam pregos, brincam com os pregos, mas só o menino maior lembra de colocar os pregos de volta na caixinha de plástico que ele tomou das mãos do irmão menor. Quando o irmão maior termina de coletar os pregos e fecha a caixinha, o outro já está longe, descobrindo outros objetos largados por aí. Ele deposita a caixinha sobre a mesinha no corredor e vai ver o que o irmãozinho está fazendo.
O pai, que terminou de almoçar, quer dividir a sobremesa com os meninos. Pega um copinho de iogurte e uma colher e vai até o corredor. Volta com dois seguidores ávidos por mais uma colher de iogurte. Alternadamente, eles recebem uma colher cheiona de iogurte. Pra indicar que estão satisfeitos, dão giros em volta de si mesmos, evitando assim a colher que continua vindo em suas direções. Todos riem e os dois meninos voltam para o corredor.
Vejo, antes de sair da cozinha, como uma mãozinha esticada procura por uma caixinha de plástico em cima da mesinha.
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