sexta-feira, março 30, 2007

Figuras

Não me senti muito à vontade pra tirar fotos de lingüistas que não me conhecem, e que eu vejo pela primeira vez ao vivo e em cores. Como eles são muito figuras, resolvi desenhar caricaturas deles. Esse primeiro é Carlos Gussenhoven.
Dá pra fazer um paralelo com o Valério, do PSTU. Sim, explico. No primeiro Colóquio Marx Engels que o Ferrone, da Oca da Tapioca, organizou, eu fui. Me apaixonei pela voz de um palestrante, o Valério, um dos fundadores do PSTU. Não lembro sobre o que foi que ele falou, mas seria capaz de reconhecer a sua voz a qualquer momento. No segundo Colóquio Marx Engels eu fui de novo, e a curiosidade se espalhou: veio gente perguntar se eu tinha vindo por causa da voz do Valério, e as pessoas em volta, que escutaram isso, ficaram curiosas pra ouvir essa famosa voz do Valério.
Gussenhoven tem uma voz altamente agradável de se ouvir. E eu iria numa outra palestra dele, só pra ouvir a voz dele, não pra aprender qualquer coisa sobre foco, contraste, pitch e essas coisas complicadas.
Mais uma coisa memorável na fala dele, é a melodia da fala do homem. É toda cantada, com um sotaque britânico sóbrio. Mais um paralelo: Um dia, Boti chegou em casa, transtornado. Contou que tem uma nova professora italiana, que fala inglês com prosódia italiana, coisa que ele acha o máximo do supra-sumo. Bateu a mão na testa, apertou os olhos: acho que vou me apaixonar pela professora!!! .... Ela é tão feia!!!!
Bom, Gussenhoven não é uma beldade...
Esse é o Manfred Krifka. Um teórico conceituado, e só por ter um sobrenome iniciado pela letra K, já é, por definição, gente boa. Pensa bem: Kierkegaard, Kant, Kafka, Koch, Kandinsky, Keller, Kolk, Kleppa, tudo gente boa.
A voz dele não é interessante, já o sotaque dele é intrigante: ouve-se um alemão falando a variante escocesa do inglês. Fôacas is in da sêam plêas (Focus is in the same place). Uma outra faceta de sua fala, porém, é perturbadora: ele é gago. E só pra agravar as coisas, o palestrante americano que falou antes dele por uma hora, era gago também. Se não olhar pra cara do Krifka, não se percebe que ele tá tendo dificuldades de iniciar o movimento articulatório. Só ouvir o homem, implica em achar que ele demora pra responder e faz pausas maiores que o normal entre uma afirmação e outra. Já o outro gago preenchia as tentativas com sons: ah ah ah ah.

Não sei o nome dessa figura. Pena que eu não a vi por muito tempo de perfil... Provavelmente ela vai apresentar amanhã. Uma coisa bizarra em relação a ela: alguém apresentou exemplos em turco, e ela logo interferiu: to my hungarian ears, this is not ambiguous. Peraí, o exemplo é em turco, quê que o húngaro tem a ver com isso? O palestrante concordou com ela: sim, é verdade, os exemplos em turco são sempre muito similares aos exemplos em húngaro. (Isso é surpreendente, já que húngaro, assim como basco e finlandês, é uma língua sem família. Português, por exemplo, é da família das línguas românicas, que inclui: latim, italiano, sardo (o último falante já morreu), galego, espanhol, romeno, português, provençal, francês e catalão.)

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