domingo, março 11, 2007

Estou cheia de alarmes

Cheia no sentido de farta, cansada. As pessoas se preocupam tanto com a sua segurança pessoal, em assegurar que seus bens não sejam danificados, que os dispositivos que instalam para se proteger contra eventuais casualidades são de dar nos nervos. O problema é que esses dispositivos são, às vezes, disparados por acidentes de percurso, e aí a gente tem que aturar o alarme. E o alarme não ajuda em nada, porque ele não faz ninguém vir correndo pra te socorrer. Pelo contrário, é você que precisa correr atrás de ajuda pra desligar o maldito do alarme. O alarme só faz barulho. E esse barulho é agudo, intermitente e enlouquecedor.

Sabe quando você tem domingo de muito sol e não faz nada do que tinha planejado, mas está satisfeito com as coisas que fez? E sabe quado você chega em casa, não sabendo o que é mais urgente: um banho ou comer? Pois esse foi um domingo assim, empolgante. Mas a partir do momento em que começou a escurecer, as coisas desandaram.

Ruben tava na cozinha, fazendo tortilha para si e Lucy, sua namorada. De repente as luzes da cozinha se apagam e um som tü_tü_tütütütüüüüh ad infinitum acabaram com a nossa paz na casa. Que foi que eu fiz?

Cada um que sai do seu quarto e desce as escadas até a cozinha pergunta como foi que o alarme foi disparado. Não sabemos responder, porque o alarme que tava nos enlouquecendo era o alarme da porta, que, segundo Annelies, foi desativado faz anos, não funciona, só não conseguiram desligar as luzinhas dele, que sempre piscam aleatoriamente. Alguns quartos (do Boti e o meu) ficaram sem energia elétrica, outros foram preservados. Na cozinha (e no porão) não havia energia, a não ser o fogão elétrico e uma tomada. As duas geladeiras e o freezer estavam mortos. Não era nenhum fusível na caixa de força. Annelies está viajando com os pais e não podia nos dar uma luz.

Ruben é engenheiro, e engenheiros resolvem problemas e o problema mais imediato era religar as geladeiras e o freezer. Saímos à cata de extensões e juntamos várias, retiradas de diferentes quartos. Ligamos as geladeiras e o freezer na única tomada que tinha energia na cozinha. Novamente as qualidades de resolvedor de problemas do Ruben se mostraram úteis: ligou para um dos vários irmãos da Annelies que chamou um técnico que viria dentro de 50 minutos.
É domingo, a gente entende que não dá pro cara vir assim, correndo, e até agradece que ele venha, afinal de contas é dia de descanso.

Eu sou a abrideira de porta para os home, já foi assim na Oca, continua sendo aqui. O homem vem enquanto Boti e eu estamos jantando, pede ajuda pra desentulhar o quarto em que está a caixa de energia que ele não consegue alcançar porque há caixas com coisas que o carpinteiro depositou ali antes do dia dos ventos fortes, mesas de festa dobradas, cadeiras empilhadas e tapetes enrolados escondendo a caixa de energia. Ajudamos enquanto a comida esfria na cozinha escura. O homem troca um fusível e o rádio liga, o aquecedor de água ferve, as luzes todas se ligam e a vida volta ao normal. Alegria, alegria.

Tarde da noite, Ruben e Lucy saem do quarto e descem para a cozinha, para fazerem pipoca, mas esquecem de ligar o exaustor. A fumaça e o cheiro de queimado chegam aos sensores do alarme de incêndio e o ativam. Alarme de novo, óh, vida!!!! Dessa vez ninguém desceu até a cozinha, mas imagino que todos devem ter suspirado e deitado a cabeça na palma da mão. O alarme desligou depois de um minuto.

Precisa de tanto alarme nessa vida?

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