Esteves ficava passado com isso. Quando ele falava português, ninguém o entendia. ! Mas é igual, como eles não conseguem entender?! Nem os bilingües que falam castelhano e catalão tinham facilidade pra entender os chiados paulistas do figura. Aí chega a pequena Lou falando português com todo mundo e trocando mó idéia, e a comunicação funciona!!!
Verdade. No começo, não era nem portunhol, o que eu falava, mas a gente se entendia. Aí ele se empolgava e falava português com a Eva e Arantja, e elas não entendiam. Que dizes? Ele baixava a cabeça e apontava pra elas com a palma da mão, pedindo pra que eu dissesse o que ele tinha acabado de dizer. Eu repetia o que ele tinha dito e pronto, todo mundo sorria.
Aí todos perguntavam se eu falava castelhano. Não. Mas estamos conversando! Como pode?
Confesso que eu só entendia as pessoas, quando se dirigiam
a mim. Quando a Eva falava com a Arantja, eu não entendia
muita coisa. Rádio, então, não conseguia nem adivinhar qual era o assunto em pauta.
Turismo com Esteves não é pra ver monumentos. É pra conhecer pessoas e falares. Tenho agora uma vaga idéia de como soa catalão e galego. Eva é galega. Eva é a pessoa que mais se aproxima da definição de "namorada" para Esteves.
Na noite do dia em que cheguei, fomos a um bar. Lá eu conheci o Abdul, que está na casa ocupa, no lugar do Esteves. Conheci também o Denni, que me contou toda a vida dele, misturando alemão, inglês, castelhano e turco na narrativa. Esse não esqueceu do meu nome, apesar de eu só ter sorrido pra ele e escutado as estórias que ele contava com olhos arregalados, veia da testa saltada e não gesticulando freneticamente.
Havia música no bar. Um dos caras no palco tava todo à
pampa, viajando no som, se entregando às ondas sonoras. Era loirinho e se chamava Martin. Depois do show, Esteves foi lá, trocar idéia com o cara. Era holandês de Groningen. Pronto. Conversamos os três em holandês, porque claro, Esteves já teve a sua fase de estudar holandês. Chegam Eva e Arantja com o Ramón. É tarde, a galera se vai.
O holandês vem se despedir. Esteves levanta, começa a pegar estantes e instrumentos e acompanhamos a banda pra casa. Duas e meia da madrugada e nóis dois brazuca na casa de desconhecidos, bebendo e comendo o que havia na mesa e conversando sobre música.
Isso é turismo com Marco Esteves de Moura Campos.
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