terça-feira, janeiro 02, 2007

O fim da estória

Nada de Mercedez amarelo. Um monte de gente com o celular na mão, com o nervosismo estampado na cara. Perguntei pra onde iam, descobri um grupo de 3 que ia pra Bremen. Mercedez amarelo! Senti alívio por não ter atrasado. O atrasado era o Rolf. Só que ninguém conseguia conversar com ele, porque o celular dele só dava caixa postal. Os africanos diziam que o Mercedez era azul. Depois de meia hora de espera angustiada, os dois africanos, a loira altona e eu desistimos. Tínhamos ligado pros outros números na minha lista de caronas, que eu não tinha perdido, mas não havia mais lugar. Decidimos voltar pra casa de trem, se possível com desconto pra grupos.
A senhorinha atrás do balcão foi muito simpática, atenciosa e paciente com a gente. Parecia uma freirinha, toda miúda, mas me deu coragem. Você vai conseguir pegar esse trem. Esqueci de desejar tudo de bom, feliz ano novo, e saí correndo pra ir pro Hauptbahnhof, pegar um trem pra Hannover e outro pra Bremen.
Dentro do trem pra Hannover, tropecei sobre a mala de um moço que depois acabou sentando na mesma cabine de 6 lugares que eu. Daqui a pouco chega um outro moço, perguntando se ainda tem lugar na cabine. Reparei que ele era um dos que esperavam lá no Bahnhof Zoo. Informei o moço que eu o havia visto e entramos na conversa. Adivinha por quem ele estava esperando!!!! Mercedez amarelo. Por 12 euros. O moço disse que tinha conhecido 5 pessoas injuriadas, esperando pelo Rolf. No total, então isso dá umas 9 pessoas que alguém, que se identificava por ROLF quis enganar, pra se divertir no ano novo. O moço e eu conversamos por quase toda a viagem. Quase, porque entre Hannover e Bremen ele capotou. Há males que vêm para o bem! Conheci Dennis.

Fiquei com um peso enorme na consciência por ter perdido o telefone do Kay e deixado ele e a Tanja na mão, pra pegar carona com um tal de Rolf, num Mercedez amarelo.
Fiquei brava por ter que pagar 64 euros, que é mais que 3 noites de albergue em Berlin, na passagem de trem. Eu teria voltado com os africanos por menos dinheiro, se eu quisesse chegar em Bremen às 2 da madrugada, ao invés das 22:40.
Entrei desiludida no trem, pensando que o coitado do Rolf podia estar sei lá, no hospital, ou no mecânico, porque o carro passou por um dos vários cacos de vidro espalhados pela cidade. Eu tinha visto muita gente trocando pneu na rua...
Senti raiva do Rolf quando soube que eram 9 pessoas esperando por um Mercedez de cor indefinida e preço variável.
Encostei a cabeça no encosto do trem com um sentimento meio vazio, me sentindo meio abandonada e acabei passando uma noite agradável com o Dennis.

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