segunda-feira, dezembro 11, 2006

Classe de palavras

Maldito seja Aristóteles, quando ele começou com essa mania de classificar as coisas. A moda pegou! E agora me vejo diante da tarefa de classificar as palavras num diálogo de 9 páginas transcritas entre uma estudante e um carioca de 60 anos de idade, falando sobre formas de tratamento, esporte e sorte na loteria.

Todas as palavrinhas que eu nunca pensei em classificar (não, assim, ontem, antes, ali) são advérbios, mas nem toda vez as palavras que eu quero botar no saco dos advérbios estão funcionando como advérbios. Ou seja, a classe das palavras não é inerente à forma da palavra. Não é toda vez que eu reconhecer uma forma que eu vou ter a mesma função. Assim aconteceu, por exemplo, de eu ter verbos no infitivo funcionando como substantivos.

E a classe dos pronomes, então! A nomenclatura aponta pro fato de haver um nome no lugar de outro. Quando eu digo ela, me referindo a Maria, estou usando ela no lugar (pro) do nome (Maria). Acontece que esse, aquele e mais uma pá de palavras desse tipo, são pronomes. Quando estiverem sozinhos, tudo bem, Não quero esse, quero aquele. Mas e quando eles estão acompanhando um nome, tipo esse cara me tira do sério! O pronome faz companhia pro nome!!

É nessas horas que eu invejo gente como o Pasquale. Ele não teria dúvidas sobre as categorias, separaria tudo sem pestanejar, sem ter que consultar nenhum dicionário ou gramática, e no fim do dia estaria orgulhoso do trabalho realizado.
Eu tô aqui, cheia de dúvidas, achando que não dá pra descrever as palavras suficientemente bem... como será que a gente faz pra se comunicar, se uma mesma forma pode ter diferentes funções, portanto diferentes sentidos!!!! Que coisa é essa, que chamamos de língua....

4 comentários:

Carlos Teixeira disse...

Lou, a classe dos pronomes em português é algo muito incongruente mesmo. Existe uma subdivisão entre pronomes substantivos e pronomes adjetivos (esta, um contrasenso, pelo motivo que você mesma apontou). Em francês, por exemplo, "mon", "ma", "mes" são "adjéctifs possessifs" e não pronomes adjetivos possessivos, como em português. De qualquer maneira, acho que essa confusão é culpa dos gramáticos normativos, e não da língua.

iglou disse...

Que isso não é culpa da língua, você não precisa dizer pruma lingüista...

Bem-vindo de volta ao blog!

Carlos Teixeira disse...

ah, eu sei, mas é que você escreveu "Que coisa é essa, que chamamos de língua....". Eu diria: "Onde estavam com a cabeça os gramáticos ao classificarem assim a língua?!" ;-)

iglou disse...

Taí! Os lingüistas não fazem muito melhor que os gramáticos! Não importa a qual teoria o lingüista se filia, sempre vai haver algo que o aparato teórico não consegue explicar. Me parece ser impossível dar conta da língua através dela mesma...