sexta-feira, dezembro 08, 2006

Babel

Ainda escrevo me referindo a Amsterdam.
Na primeira noite eu cheguei no albergue cansada de andar o dia todo, tomei banho, pus pijaminha, sentei na cama e li das 21:00 às 24:00. Uau, hein!
Na segunda noite resolvi me ocupar com coisas da cidade, não do meu livro. Cinema! Que idéia!! Seria a primeira vez que vou ao cinema na Holanda. Amsterdam me pareceu um bom lugar pra ser iniciada na leitura de legendas holandesas na tela grande. Comprei ingresso a 9 euros (ãh! que facada!!) pra ver Babel.

O nome diz muita coisa, mas eu não me liguei nas coisas que ele diz. Ele diz, por exemplo, que muitas coisas serão ditas em línguas que eu não compreendo e que estas coisas serão legendadas em holandês, que eu entendo mal. O nome carrega também a coisa da confusão como castigo. As pessoas começaram a se desentender por castigo divino.

O filme é bom, mas cruel. Saí do cinema triste. Muito triste. Suspirando e cabisbaixa até o hostel.

Não vou contar a estória. Vejam vocês mesmos. Mas uma coisa - a parte cruel - me revirou. Acontece um acidente, uma pessoa é baleada. Antes de salvar a pessoa, as autoridades procuram pelo criminoso. Não há criminosos. Foi um acidente. Estúpido, podia ter sido evitado, mas não foi uma tentativa de assassinato. As autoridades que procuram pelo culpado mobilizam meio mundo pra achar e castigar o responsável pelo sangue derramado. As autoridades são os americanos. A vítima é americana. O cenário é o Marrocos. Pra servir aos americanos, os marroquinos chegam chutando, socando e atirando. Vamos entregar o que os americanos querem, pra eles não acharem que foi um atentado terrorista.

O diretor é o mesmo de 21 gramas. Outro filme bom, mas cruel. A fragilidade da vida, a facilidade com que um vira as costas pro outro e deixa de prestar solidadriedade, a fraqueza dos homens, o desespero das mulheres, o jeito fragmentado de contar a estória, todos esses elementos são reconhecíveis.

Recomendo que vejam o filme, porque ele é bom e te sacode com coisas humanas, demasiado humanas.

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