quinta-feira, dezembro 28, 2006
Fotos de movimento
Natal
Meu pai tem 3 cultos pra fazer no dia 24 e mais um no dia 25.
Texturas e superfícies
Cicloviagem a Bassum
As fotos não são do nosso passeio, porque eu mosquei naquele dia. Enfim. Mamãe e pequena Lou seguiram por dentro, passando pelos campos de repôio, raps e outras coisas que já não estão mais na terra, porque é inverno!
Minha mãe reclamava muito, tava lenta nas descidas e presenciou um milagre quando subiu na bike depois que eu enchi o pneu dela num posto de gasolina. Chegamos à estação de trem e ela perguntou se não seria melhor a gente ligar pro pai, pra ele buscar a gente de carro. O meu sorriso deve ter sido interpretado como um desafio. Entramos na estação de trem e descobrimos que a locadora não ficava mais lá. Era preciso atravessar Bassum e achar a Bremer Strasse. Essa foi a primeira vez na vida da minha mãe que ela pedalou numa cidade. Pode? Pois é!
Escolhemos 3 filmes e ponderamos novamente se devemos pedir arrego e ligar pro pai vir buscar a gente de carro. Nada disso, nessa bicicréta tem farol, a gente vai ligar essa luz e vai voltar pra casa pedalando.
Pois é, uma simples ida à locadora demorou o dia todo. As pernas da minha mãe sofreram muito mais que os meus joelhos, mas no dia seguinte as duas tavam como novas.
Depois de tanto tempo
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Vou-me embora pra Passárgada
Lá sou a filha do pastor
Lá tenho uma cama muito maior
num quarto que eu escolherei
Lá a paisagem é rural
E ainda se vê maçãs nas árvores.
E como farei ginástica! Farei longos passeios pelos campos com a minha mãe
Andarei de bicicleta contra o vento; e quando estiver cansada,
deito no sofá e peço pra lerem pra mim.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
OK, você venceu. Batatas fritas!
terça-feira, dezembro 19, 2006
Os turcos aqui falam alemão
Já é a segunda vez que um turco fala em alemão comigo. A primeira foi num restaurante turco. A segunda foi hoje, no caixa de uma loja. Eu dei o produto pra ele, ele passou o leitor de código de barras, anunciou o preço, recebeu as moedas, tirou a nota da máquina e me ofereceu o produto e a nota, fazendo uma pergunta que eu não entendi. Autmaticamente, respondi que não. Daquele meu jeito monosilábico: balançando a cabeça e emitindo sons que eu transcreveria como "mh, hm".
Como eu quase nunca entendo o que os caixas perguntam, investiguei mentalmente o discurso (que eu lembro) de caixas de supermercados. Se vier uma pergunta, ela pode ser:
- Algum produto que a senhora procurou e não achou?
- A senhora possui o cartão de descontos?
- Vai querer a notinha?
- Vai querer uma sacola?
Eu achei que o moço tava me oferecendo uma sacola. Por isso eu tinha respondido que não. Eu tenho mochila pra todas as coisas adquiridas na rua. O moço fez cara de que não entendeu. Eu percebi que eu precisava articular algo mais elaborado que um sorriso. Tentei falar holandês, mas saiu muito alemão: kein Tasch.
Grande pequena Lou! Aplicando a teoria! (Estou estudando justamente frases elípticas e ali, na hora, produzi uma, sem as marcas de concordância ou gênero.) Maravilha! E isso não é um sinal de que estou ficando afásica!!!
O moço sorriu, disse "OK" e "Tschüss" e isso é alemão. Os holandeses se despedem com "dui", "dag", "tot ziens" ou "bye".
De carteirinha
Dia 10 de Outubro a Universidade mandou uma carta pra Zyfflich, dizendo que era pra eu ir no Copyshop na Aquinostraat, no campus, e fazer uma foto de grátis pra minha carteirinha de estudante na faixa.
Dia 10 de outubro eu já não morava mais em Zyfflich. Demorou pra carta chegar até o meu novo endereço.
Em novembro eu fui fazer a foto e me explicaram que era pra eu esperar um e-mail da universidade, informando que a carteirinha está pronta.
Em dezembro eu cansei de esperar por notícias sobre a carteirinha. Descobri onde elas ficam e olhei no mapa, pra ver onde ficava o Gymnasium.
Nem a senhora atrás do balcão, nem eu entendemos por que a carteirinha ficou me esperando por mais de mês.
Pena que ela não me dá desconto no cinema, shows e teatros, mas o Refter já é um bom começo. Nos prédios mais novos, ela abriria portas. Como eu não ponho os pés neles, tenho que me orientar pelos horários do Spinozagebouw; em que os guardinhas desligam as luzes dos corredores às 18:00 e passeiam de lanterna por ali, trancam as portas secundárias às 19:00 e fecham a porta principal às 19:30.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Neblina forte - a volta pra casa
Desta vez eu separei as luzes da bike, as luvas, o gorro (!) e as chaves. Puxei até o toco o zíper do meu casaco para as horas difícies e saí pro mundo branco.
Liguei o farol da bicicleta e vi todo o feixe de luz. Não só dava pra ver o ponto de onde a luz sai e o ponto onde ela chega, no chão; mas dava pra ver iluminadas todas as gotinhas de água que boiavam contentes no ar. Umidade do ar a 100% é assim: cê volta pra casa molhado.
Engraçado como as coisas ficam difusas. O cruzamento com seus faróis verdes,vermelhos e ocasionalmente amarelos parecia um circo, porque cada luz de farol tinha uma aura de neblina iluminada. Voltei rapidinho, pra estar em casa logo, achando que as minhas orelhas não iam congelar, já que estavam protegidas pela touca. De fato, não congelaram. Mas as mãos perderam o sentido do tato. Apesar das luvas. Nariz escorrendo, mãos enrijecidas e sem reconhecer nenhuma superfície. Foi assim que prendi a bike no poste. Depois de tirar as luvas, os dedos permaneceram vermelhos por um bom tempo.
Neblina forte
domingo, dezembro 17, 2006
René Dalmann
Puxa, o quadro é lindo, mesmo que não exista no mundo.
Há, mas eu já aprendi que este é só um dos mundos possíveis. Então tá tudo certo.
O que eu fiz hoje
Não, não pintei nenhum quadro,
mas vi o filme do Modigliani com o Andy Garcia e
passei longas horas vasculhando os museus virtuais
atrás dos quadros dele.
Foi legal, porque eu reconheci vários personagens
nos retratos.
Essas mulheres que eu colei aqui
são todas a mesma Jeanne,
com a qual ele viveu.
Se eu fosse ela, não teria ficado
lá muito contente com a
expressividade das curvas
que e o pintor achou em sua nuca,
pescoço e nariz...
Mas enfim, ela também era
pintora, então eles devem
ter se entendido.
O filme é meio que contado
pela Jeanne, então
o foco é afetivo.
Mesmo assim, deu pra ter uma
boa idéia de como era a boemia
na época, e como os
artistas se conheciam,
trocavam idéias, eram
amigos ou rivais.
sábado, dezembro 16, 2006
Com a faca do queijo
Enfim. Não só as horas de dormir e acordar estão embananadas, mas também os horários de comer. Isso vem junto, no pacote.
Deu fome por volta das 23:00, e pouco antes da meia-noite eu desci, pra jantar. Liguei o forno, cortei um pãozinho no meio, cortei umas fatias de queijo, joguei orégano por cima, pus as duas metades de pão sobre uma folha de papel-manteiga e coloquei tudo no forno. Sentei na mesa e me pus a esperar.
Rúben chegou em casa, entrou na cozinha cautelosamente, pé ante pé. Sorri, cumprimentando.
Você está bem?
Sim, tudo bem.
Quê que cê tá fazendo?
Esperando.
Deu um passo pra trás.
Não entendi essa reação, ele explicou.
É que eu vi você aí, de pijama, meia-noite, sentada na mesa, com uma faca à sua frente. Me assustei um pouco, vai saber o que passa na cabeça da pessoa...
A faca com que eu tinha cortado o queijo! Aí ele viu a luz do forno, entendeu por o quê eu tava esperando e se acalmou.
Às vezes as pessoas me pegam em cenários estranhos...
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Avenida Paulista e o Refter
Isso de dia.
De noite, alta noite, a coisa é completamente diferente. Ao sair de uma sessão de cinema depois da meia-noite e caminhar pela Paulista até o carro estacionado lá longe, ou mesmo até a estação de metrô mais próxima (não importa, importa fazer com que a pessoa ande mais de uma quadra), a pessoa pode observar uma paisagem cinza, fria e suja. Muito lixo nas ruas, pouca gente bem-vestida e muita gente de rua pelos cantos. Parecem pacotes envoltos em cobertores marrons. Os hippies vendedores de colares e anéis estão contando seu dinheirinho, calculando se o que eles juntaram paga uma noite no hotel furreca. A solidão é tanta, que é urgente conversar com a próxima pessoa que lhes cruzar pelo caminho. Estica a mão, se aproxima. Boa noite, meu nome é Vitor.
Quase um paradoxo. Agora vem o paralelo:
De Refter. O bandejão da Radboud Universiteit, o ponto-de-encontro de toda a comunidade universitária. Um restaurante que não fecha, em que há poucos funcionários, mas todos sempre cumprimentam, agradecem e desejam um bom apetite. Às 13:00 é dificílimo achar um lugar vazio numa mesa qualquer, entre todas as mesas do refeitório de dois andares. Não é preciso ter um prato de comida à sua frente para estar no Refter. Muitos estudantes vão pra lá pra estudar, escrever, jogar baralho, trabalhar no laptop.
Isso durante a semana.
Na sexta-feira a coisa é completamente diferente. De noite, então, é uma desolação que só. O andar de cima é interditado, pra ninguém se perder naquela vastidão vazia. O número de funcionários é reduzido pela metade, o número de visitantes é reduzido a 10%. E as pessoas que vêm pra comer são bem outras. Vê-se a avó que traz os netos pequenos, crianças de colo, crianças correndo pelos corredores de mesas vazias, casais de idosos muito distintos que não conversam, apenas mastigam, silenciosamente.
Timing
Só que ele chegou na hora em que todo mundo sai.
Parece que há algo no relógio biológico dos holandeses um dispositivo que faz com que eles todos parem de trabalhar às 17:00, entupam as ruas e lentifiquem o trânsito nas ruas e ciclovias (e até calçadas) e invadam os supermercados. Aqueles estabelecimentos menores, que fecham às 18:00 realmente se transformam em caixas claustrofóbicas.
Enquanto o Thundercat checava seus e-mails, eu terminava de escrever o meu pro orientador. Nesse e-mail eu despejava todas as minhas dúvidas e confusões teóricas por que eu tava passando. Uma das coisas que ele quer de mim é que eu lhe apresente dados comparáveis com os dele. Que eu use os mesmos pesos e medidas, que use, enfim, a mesma teoria gerativa que eu iarc! urgh! écati! pth! não engulo.
Terminei de escrever o e-mail e o mandei. Subi um andar, pra lavar a minha xícara de café. Nas escadas, surpresa!, encontro o orientador. Ele logo diz que tava pensando em marcar uma conversa comigo. Perguntei se ele tinha recebido meu último e-mail, ele disse que não. Devo ter pensado nele tão intensamente, que os meus pensamentos subiram um andar e fizeram cócegas nos dele.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
A casa
não tinha sala, não tinha nada.
Ninguém podia estar mais junto
porque as pessoas trabalham muito.
Só o primeiro é que podia
tomar um banho com água quente.
Já o segundo, com água fria
se sentia muito menos gente
A geladeira que foi comprada
finalmente foi acionada.
Era só colocar ela na tomada
Mas a gente esperou uma semana.
As luzes de emergência se acendiam
pra mostrar que funcionavam
o alarme funciona, fui eu que testei
qual é a próxima, eu não sei.
Mas era feita com muito esmero,
numa rua de nome doido,
número 167.
terça-feira, dezembro 12, 2006
Últimas leituras
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Classe de palavras
Todas as palavrinhas que eu nunca pensei em classificar (não, assim, ontem, antes, ali) são advérbios, mas nem toda vez as palavras que eu quero botar no saco dos advérbios estão funcionando como advérbios. Ou seja, a classe das palavras não é inerente à forma da palavra. Não é toda vez que eu reconhecer uma forma que eu vou ter a mesma função. Assim aconteceu, por exemplo, de eu ter verbos no infitivo funcionando como substantivos.
E a classe dos pronomes, então! A nomenclatura aponta pro fato de haver um nome no lugar de outro. Quando eu digo ela, me referindo a Maria, estou usando ela no lugar (pro) do nome (Maria). Acontece que esse, aquele e mais uma pá de palavras desse tipo, são pronomes. Quando estiverem sozinhos, tudo bem, Não quero esse, quero aquele. Mas e quando eles estão acompanhando um nome, tipo esse cara me tira do sério! O pronome faz companhia pro nome!!
É nessas horas que eu invejo gente como o Pasquale. Ele não teria dúvidas sobre as categorias, separaria tudo sem pestanejar, sem ter que consultar nenhum dicionário ou gramática, e no fim do dia estaria orgulhoso do trabalho realizado.
Eu tô aqui, cheia de dúvidas, achando que não dá pra descrever as palavras suficientemente bem... como será que a gente faz pra se comunicar, se uma mesma forma pode ter diferentes funções, portanto diferentes sentidos!!!! Que coisa é essa, que chamamos de língua....