sexta-feira, maio 25, 2007

Lucca

Lucca foi o meu respiro. Era uma das cidades de onde eu tinha o telefone de albergue. E tinha lugar pra mim lá, então fui pra Lucca, sem ter idéia do que me esperava. A cidade é uma das poucas na Itália que ainda conserva a muralha medieval. Em volta da muralha tem um cinturão verde. O centro é dentro da muralha, o resto fica fora, contido pelas montanhas que circundam a cidade. No centro, as ruas são labirínticas, porque as casas são altas e não se tem a visão do geral. Esses carrinhos Cinquecento estão em todo lugar. Há alguns turistas andando com os olhos fixos em mapas da cidade, mas são poucos. Na recepção, quando cheguei, ouvi um brasileiro fingindo que falava italiano. Logo puxei conversa e marcamos de dar um giro pela cidade depois do meu banho. Só que o meu banho demorou mais do que o Mauro teve paciência de esperar. Lavei duas mudas de roupa, além de mim mesma.
La Torre de le Ore tem o único relógio que funciona corretamente em Lucca. Os outros todos andam em tempos diferentes.
Subi numa torre que tem oliveiras no topo, pra entender de onde vim e pra onde eu iria. Pra estudante era 3 euros, pra adulto era 5. Tirei um monte de cartão da carteira e suspirei que sono estudante, ma non posso provar. Va benne.
A torre grandona está do lado esquerdo do meu albergue, que era um monastério. San Frediano. Mais pro centro da foto dá pra se ver um espaço oval entre as casas. É o Teatro Romano, ou Anfiteatro, não lembro como se chama.
Vista de dentro do tal Teatro Romano. Tem turista, loja de souvenirs e restaurantes. Se pá, tem italianos pendurados em suas janelas, observando o movimento na praça.
A muralha tem, na sua superfície, uma rua. Passariam dois carros nessa rua, que é asfaltada. Só vi carros da polícia (carabinieri!) passando lá. O resto do povo tava pedalando, correndo, caminhando ou andando de skate. Super tranqüilo. Sentei na grama perto de uns hippies que tavam batucando uns tambores e li mais um pouco no livro que eu tinha trazido: Hamlet. Vixe, que coisa mais dramática pra se ler em Lucca. Quando voltei pro albergue, fui direto pra cama, ignorando o bilhete que o Mauro tinha deixado na porta do banheiro externo do nosso quarto.
Vi o bilhete na manhã seguinte e escrevi um pra ele, que eu prendi com Band-Aid na porta do quarto 43. Fui conhecer a cidade. Passei por um cabelereiro que anunciava uma piega por 15 euros. Perguntei se piega era corte, e fiquei feliz com a resposta afirmativa. Na Holanda o corte me sairia por no mínimo 30 pila. Tem uma brecha na agenda desse salão? Si, adesso. Adesso. Eu ainda tava brigando com as palavras adesso, allora e anchora. Allora? (achei que era mais parecida com agora) NOW. Perfetto!

Quando o cabelo tava nesse comprimento, ela perguntou se va benne cosí. Sim, ótimo. Só que ela se empolgou, e não parou de cortar o meu cabelo.
Escova e secador no meu cabelo... Isso precisa ser registrado.

Ela ainda botou uns mousses, géis e sprays no meu cabelo, apesar dos meus protestos. Ela ficou super satisfeita com o resultado, e eu elogiei o trabalho dela. Digitou o preço na calculadora: 35. Paguei sorrindo e saí de lá me sentindo outra pessoa.
Ao cair da noite, cansei de vagar pelo centro de Lucca e voltei pro albergue. Mais um bilhete na porta do banheiro. As gurias do meu quarto tavam todas ouriçadas: you have a date!!! Fui jantar com o Mauro. Ele levou o CD player me fez ouvir trechos de 4 discos. Essa música aqui cê vai gostar. Deveras, não era ruim. Mauro de Brasília é mais natureba que eu, e me esclareceu sobre os segredos do Santo Daime. Cada coisa...

Um comentário:

Carlos Teixeira disse...

Pô, Lou, despedaçando corações em cada parada!? Dá umas chances pros mocinhos... ha ha ha
E quanto ao cabelo, só porque acabei de comentar... já era.