No nosso penúltimo housedinner, Kaleem deu pra falar em trabalho. Voltou-se para os engenheiros que trabalham na Scheider Electrics e disse que o trabalho deles é de rotina, sempre o mesmo, repetitivo. Os meninos protestaram, explicaram quais são os abacaxis que eles precisam descascar, os pepinos que eles precisam resolver, os galhos que precisam quebrar a cada dia que passa. Kaleem não deu o braço a torcer: tá, mas quando vocês saem do local de trabalho de vocês, vocês se desligam do trabalho, vocês não carregam trabalho pra casa. Nova onda de protestos, e uma provocação: então quer dizer que você estuda aqui em casa, às dez da noite? Soberano, o paquistanês respondeu que não cessa nunca de trabalhar, porque o que ele faz é mental work.
Demos boas risadas, mas o termo pegou. Nossa casa tem 3 moradores que fazem mental work e 3 moradores que não fazem mental work.
Hoje, às 6 da tarde, Kaleem perguntou dos engenheiros: where are they? Are they doing physical work?
quinta-feira, maio 31, 2007
quarta-feira, maio 30, 2007
Biblioteca no Max Planck Institut
Eu já tinha ido lá, pra participar de um workshop. Reparei que o prédio é discreto, de dois andares, meio hexagonal - e no meio do mato. Fica nos fundos da Radboud Universiteit, é especializado em Psicolingüística e é freqüentado por poucos holandeses, muitos alemães e falantes de inglês.
Fui lá por causa da biblioteca, que tem revistas como por exemplo a Aphasiology, Journal of Pragmatics ou Journal of Neuropsychology, que não estão no inventário das bibliotecas da Radboud. E o melhor da biblioteca do Max Planck é que ela é focada nas coisas que me interessam. Não tem nada de pedagogia, psicologia ou antropologia pra distrair a minha atenção.
Não há nenhuma forma de controle nessa biblioteca, nem não há coisas desagradáveis sobre as quais você não tem controle. É uma biblioteca sem bibliotecária, portanto sem o incômodo das bibliotecárias falando alto, como estivessem em casa. Também não tem ar-condicionado (sobre cuja temperatura o usuário não tem controle. Quando descobri onde fica o botão que desliga o barulhento ar-condicionado que sopra ventos polares na biblioteca do IEL, foi um alívio pra mim e os outros, mas não demorou muito e as bibliotecárias descobriram a minha revolução e botaram o ar-condicionado no automático). Também não há venezianas que se fecham em determinados horários (conforme o sol vai beirando as estantes de livros, a bibliotecária na biblioteca da Radboud aperta um botão que faz as lâminas de plástico das janelas descerem).
Fui até o acervo, que está disposto em estantes sobre trilhos, com várias portas que se abrem através de manivelas. Você abre um corredor de estantes girando a manivela de uma porta. Não tem botão que possa pifar, não tem pessoa que pega o livro pra você. Sentei perto da parede de vidro e olhei pra floresta. Não precisei ligar a luz, porque a luz natural era o suficiente pra eu ler sobre estruturas argumentais de verbos.
Fiquei intrigada como se faz pra emprestar algum livro e andei pela biblioteca vazia. Perto da entrada, reparei numa mesa com uma caixinha em cima. Dentro da caixinha havia papeizinhos de anotar recado. Na caixinha estava escrito: empréstimos. Quem quiser levar um livro, escreve os seus dados e os do livro num papel e pronto, resolveu-se a história.
Voltei pro meu assento e olhei através da outra parede de vidro, que dá pro pátio interno do prédio. Vi um pai com um bebê no colo, sentado num banco. O homem tava lendo um livro. Imaginei que isso deve ser loucura de lingüista, querer ler com uma criança no colo. Uma senhora passou por mim e foi até os arquivos. Ouvi a voz dela produzindo sons numa língua desconhecida. Não sei se ela tava aprendendo palavras novas num dicionário, se ela tava falando alto enquanto procurava por alguma coisa específica, mas sei que ela saiu do arquivo radiante de felicidade. Concluí que só mesmo lingüista se empolga desse jeito com a língua dos outros.
Fui lá por causa da biblioteca, que tem revistas como por exemplo a Aphasiology, Journal of Pragmatics ou Journal of Neuropsychology, que não estão no inventário das bibliotecas da Radboud. E o melhor da biblioteca do Max Planck é que ela é focada nas coisas que me interessam. Não tem nada de pedagogia, psicologia ou antropologia pra distrair a minha atenção.
Não há nenhuma forma de controle nessa biblioteca, nem não há coisas desagradáveis sobre as quais você não tem controle. É uma biblioteca sem bibliotecária, portanto sem o incômodo das bibliotecárias falando alto, como estivessem em casa. Também não tem ar-condicionado (sobre cuja temperatura o usuário não tem controle. Quando descobri onde fica o botão que desliga o barulhento ar-condicionado que sopra ventos polares na biblioteca do IEL, foi um alívio pra mim e os outros, mas não demorou muito e as bibliotecárias descobriram a minha revolução e botaram o ar-condicionado no automático). Também não há venezianas que se fecham em determinados horários (conforme o sol vai beirando as estantes de livros, a bibliotecária na biblioteca da Radboud aperta um botão que faz as lâminas de plástico das janelas descerem).
Fui até o acervo, que está disposto em estantes sobre trilhos, com várias portas que se abrem através de manivelas. Você abre um corredor de estantes girando a manivela de uma porta. Não tem botão que possa pifar, não tem pessoa que pega o livro pra você. Sentei perto da parede de vidro e olhei pra floresta. Não precisei ligar a luz, porque a luz natural era o suficiente pra eu ler sobre estruturas argumentais de verbos.
Fiquei intrigada como se faz pra emprestar algum livro e andei pela biblioteca vazia. Perto da entrada, reparei numa mesa com uma caixinha em cima. Dentro da caixinha havia papeizinhos de anotar recado. Na caixinha estava escrito: empréstimos. Quem quiser levar um livro, escreve os seus dados e os do livro num papel e pronto, resolveu-se a história.
Voltei pro meu assento e olhei através da outra parede de vidro, que dá pro pátio interno do prédio. Vi um pai com um bebê no colo, sentado num banco. O homem tava lendo um livro. Imaginei que isso deve ser loucura de lingüista, querer ler com uma criança no colo. Uma senhora passou por mim e foi até os arquivos. Ouvi a voz dela produzindo sons numa língua desconhecida. Não sei se ela tava aprendendo palavras novas num dicionário, se ela tava falando alto enquanto procurava por alguma coisa específica, mas sei que ela saiu do arquivo radiante de felicidade. Concluí que só mesmo lingüista se empolga desse jeito com a língua dos outros.
segunda-feira, maio 28, 2007
Den Haag
Eu tava preparada pra ir pra universidade na segundona e retomar a vida acadêmica, mas olhei no calendário e constatei que era feriado. Pentecostes. Decidi que tava na hora de explorar um pouco mais esse país em que moro faz tanto tempo. Praia nos Países Baixos, pela primeira vez. Acho que preciso explicar algumas coisas. Está chovendo lá fora, eu estou atrás de uma parede de vidro, por isso o reflexo no meio da foto. As coisas azuis e amarelas na areia são cadeiras de praia empacotadas em plásticos. É cobrado aluguel dessas cadeiras de no mínimo 3 euros. Nada é de grátis nesse país, nem banheiro público! Ainda na areia, pouco antes da água, uma linha de lixeiras pra decorar a paisagem. E dizem que essa é a praia mais popular da Holanda: Scheveningen.
Um cassino sobre pilares acima do mar. Estou no longo corredor que leva até ele. É um camelódromo, com souvenirs, gifts e memories... eu não quero comprar nenhuma memória!
Do outro lado do cassino, uma torre de onde a galera salta de bungy jump.
Ó lá o cassino e a torre de bungy jump no fundo:A mais alta concentração de surfistas suicidas que eu já vi. Eles estão num lugar em que é muito raso, tipo com água batendo na cintura. Por que as ondas são muito mixurucas. Imagino que a disputa pelas ondas seja feroz. De fato, vi pouco surfista com os dois pés na prancha... Tudo prego!
Heheh, surfistas branquelos. Reparei que um terço da população dos que esperavam por uma onda mais alta era composto de mulheres, veja só!Subi no cais. As pedras que o margeiam não são naturais, mas artificiais. Mas isso não tem nada a ver com a coisa dos holandeses ganharem terra na batalha contra o mar. O que aconteceu foi que fecharam áreas com diques e depois secaram a água represada, com a ajuda de moinhos. Foi assim que ganharam áreas de terra.
Tava chovendo. Caminhar no parque debaixo de chuva foi uma experiência olfativa muito agradável. Os perfumes de pinho, flor e terra molhada ficam mais frescos.
Um cassino sobre pilares acima do mar. Estou no longo corredor que leva até ele. É um camelódromo, com souvenirs, gifts e memories... eu não quero comprar nenhuma memória!
Do outro lado do cassino, uma torre de onde a galera salta de bungy jump.
Ó lá o cassino e a torre de bungy jump no fundo:A mais alta concentração de surfistas suicidas que eu já vi. Eles estão num lugar em que é muito raso, tipo com água batendo na cintura. Por que as ondas são muito mixurucas. Imagino que a disputa pelas ondas seja feroz. De fato, vi pouco surfista com os dois pés na prancha... Tudo prego!
Heheh, surfistas branquelos. Reparei que um terço da população dos que esperavam por uma onda mais alta era composto de mulheres, veja só!Subi no cais. As pedras que o margeiam não são naturais, mas artificiais. Mas isso não tem nada a ver com a coisa dos holandeses ganharem terra na batalha contra o mar. O que aconteceu foi que fecharam áreas com diques e depois secaram a água represada, com a ajuda de moinhos. Foi assim que ganharam áreas de terra.
Tava chovendo. Caminhar no parque debaixo de chuva foi uma experiência olfativa muito agradável. Os perfumes de pinho, flor e terra molhada ficam mais frescos.
Sand sculptures
Fui a Den Haag, ver as esculturas de areia que ainda estão expostas na praia e são resultado de um festival de esculturas de areia que aconteceu aqui um tempo atrás na capital política dos Países Baixos. O tempo tava feio que só, com chuva e quase nenhum raio de sol, portanto recomendo que vejam as fotos do próprio festival, enquanto as esculturas eram feitas aqui.
De frente, se vê essa imagem.De costas, a coisa muda de figura.
Reparem nas mudanças que as esculturas de areia sofrem. As coisas simplesmente despencam, assim, sem mais nem menos, ou então vem um pássaro grande, preto e pesado, passear na escultura.
domingo, maio 27, 2007
sábado, maio 26, 2007
O emprego da Erin
Erin, a americana que Jonas e eu conhecemos em Grenoble no albergue, e que se juntou a nós pra jantar, e que sacou da bolsa o gel que mata 99,99% dos germes, tem um emprego diferente. Não sei que adjetivo usar, porque ainda não sei o que pensar sobre empregos desse tipo, ou sobre o fato de empregos assim existirem. Erin é house-sitter.
A gente entende o que é um(a) baby-sitter, talvez até dog-sitter, mas house-sitter... É o seguinte: se alguém tem muito dinheiro e pode se dar o luxo de ficar viajando por aí por mais de uma semana, mas não arranjou ninguém do círculo familiar ou de amizades que possa regar as plantas ou alimentar os cachorros, esse alguém com muito dinheiro contrata pessoas como a Erin. Achar a Erin não é fácil, porque uma pessoa de confiança não se anuncia nos jornais. Pra encontrar profissionais como a Erin, é preciso ter amigos, colegas ou conhecidos que já tenham feito uso dos serviços de profissionais como ela, e que possam indicar esses prestadores de serviço.
Erin disse que este é um emprego que está sendo reconhecido, e talvez até mesmo seja regularizado um dia, assim como o trabalho de uma faxineira ou baby-sitter. Se a pessoa viaja por um mês, Erin mora na casa dessa pessoa por um mês. Cuida das plantas e animais, recolhe o jornal e correspondência em geral, talvez até atenda o telefone pra dizer que a galera se foi prum lugar em que há mais sol.
Ela contou que tem muitos clientes e quase brigou com o último, porque ele ia viajar, queria que ela cuidasse da casa dele, mas ela tava querendo viajar ela mesma. Segundo ela, desde que a clientela aumentou, ela tem passado pouco tempo na própria casa, e só vai lá pra regar as plantas e alimentar os cachorros.
A gente entende o que é um(a) baby-sitter, talvez até dog-sitter, mas house-sitter... É o seguinte: se alguém tem muito dinheiro e pode se dar o luxo de ficar viajando por aí por mais de uma semana, mas não arranjou ninguém do círculo familiar ou de amizades que possa regar as plantas ou alimentar os cachorros, esse alguém com muito dinheiro contrata pessoas como a Erin. Achar a Erin não é fácil, porque uma pessoa de confiança não se anuncia nos jornais. Pra encontrar profissionais como a Erin, é preciso ter amigos, colegas ou conhecidos que já tenham feito uso dos serviços de profissionais como ela, e que possam indicar esses prestadores de serviço.
Erin disse que este é um emprego que está sendo reconhecido, e talvez até mesmo seja regularizado um dia, assim como o trabalho de uma faxineira ou baby-sitter. Se a pessoa viaja por um mês, Erin mora na casa dessa pessoa por um mês. Cuida das plantas e animais, recolhe o jornal e correspondência em geral, talvez até atenda o telefone pra dizer que a galera se foi prum lugar em que há mais sol.
Ela contou que tem muitos clientes e quase brigou com o último, porque ele ia viajar, queria que ela cuidasse da casa dele, mas ela tava querendo viajar ela mesma. Segundo ela, desde que a clientela aumentou, ela tem passado pouco tempo na própria casa, e só vai lá pra regar as plantas e alimentar os cachorros.
sexta-feira, maio 25, 2007
The long way home
Fui de trem a Milano por 42 euros. Trem na Itália é barato. Foram 6 horas de viagem, atravessando quase metade do país. A paisagem é linda. Por sorte, eu tinha terminado de ler o Hamlet no aeroporto, naquela fila colossal. Todo mundo morre no final, uma tragédia. Deixei o livro num bar de pizza express, pra não ter que carregar peso. O que eu tinha pra ler agora era um gibi do Topo Gigio, adquirido numa feira de antigüidades em Lucca. Il vecchio Topo Gigio!
Desci do trem em Milano, junto com um negão que tava me convidando pra ir numa festa hip hop que ia ter, vai ser legal, o DJ Hollywood vai estar lá. Valeu, cara, mas eu preciso voltar pra casa. Fomos os dois pra tabela de partenza e descobrimos que o melhor trem era um pra Dortmund, mas que ele já tinha partido às 21 e pouco. Era mais que 11 da noite. Tinha um trem pra Parigi, às 23:35, saindo do binario 9. Quis comprar bilhete na máquina, mas a máquina não vende bilhetes internacionais. A bilheteria estava fechada faz tempo. O negão insistiu que eu dormisse na casa dele, que fosse na festa hip hop, mas eu preferi ir ao binario 9. Ele perguntou ao controlador de bilhetes se eu podia comprar um bilhete a bordo, se era mais caro, porque a coitada não tinha culpa que a bilheteria tava fechada. É 105 euros na bilheteria ou a bordo. Subi no trem. O meu companheiro quis o meu telefone, mas não tinha caneta, nem papel. Ficou pedindo caneta e papel pros controladores de bilhete noiados e estressados, até que um passageiro deu uma caneta pro homem. Entreguei o papel com o meu e-mail pro negão, e a porta do trem se fechou com rancor. Era um trem noturno, com cabinas pra se dormir deitado. Os homens uniformizados me mandaram pro vagão 86. Fui seguindo dois americanos de mochilão enorme, que mal passavam pelos corredores. Por que esse povo faz a mala como se estivesse fugindo de casa? Chegamos no vagão 86, fomos mandados mais pro fundo. Cheguei no último compartimento do último vagão. Tinha duas mexicanas e um americano sentados lá. Me juntei a eles, esperando o controlador de bilhetes. Me dei conta de que eu não tinha 105 euros em cash, e que ele poderia não aceitar cartão. Rezei pra ficar invisível, pra me esquecerem.
Eu lembrava de ter visto Lyon no itinerário do trem. Pensei em saltar em Lyon, achando que iam controlar os bilhetes perto de Paris. O trem parou em Dijon, a cidade em que o Ferrone morou, e de lá em diante uma névoa espessa se estendeu sobre a França. Pouco antes de chegar a Paris, o controlador de bilhetes veio devolver os passaportes e trocos dos meus companheiros de compartimento. Sim, eles recolhem os passaportes dos passageiros em trens noturnos que atravessam fronteiras internacionais. Isso quer dizer que eu teria chamado muita atenção se tivesse descido em Dijon, porque era esperado que eu ainda não tivesse recebido o meu passaporte de volta. Depois de mais ou menos 9 horas de viagem, o moço vinha devolver os passaportes. O moço olhou pra mim. O meu telefone tocou, era uma mensagem da Vodafone dizendo que eu estava na França e podia comprar créditos por lá. Quando levantei os olhos, o moço dos passaportes tinha sumido. Rezei pra ele esquecer de mim, não reparar que eu não tinha recebido o passaporte, não checar que passageira era aquela. Foi torturante, como o trem entrou devagar na estação de Paris. As portas se abriram. Fui a segunda a descer. Olhei pra trás, havia um uniformizado em cada porta do trem, menos na minha. Caminhei pelo voie (binario) até chegar na rua. Ninguém me chamou de volta. Agradeci aos céus. Eu não quis fazer turismo em Paris num dia nublado, com sono, fome e sem banho. Descobri de onde partem os ônibus mais baratos da Europa e comprei passagem pra Den Haag, dali a meia hora. Foram mais ou menos 7 horas de viagem no buzão, com duas pausas de 20 minutos, por 37 euros. Passamos por Bruxelas e Antuérpia, que são cidadezinhas bacanas. Em Den Haag, peguei 2 trens pra Nijmegen e cheguei em casa mais ou menos 31 horas depois de ter saído do aeroporto de Ciampino. Turismo radical.
Tá vendo, com a minha sorte de economizar os 105 do trem a Paris, gastei só 79 euros pra chegar na Holanda, sendo que a passagem de avião - cujo valor me será restituído - custou 75. A única diferença foi o tempo: 31 contra 4 a 6 horas...
Desci do trem em Milano, junto com um negão que tava me convidando pra ir numa festa hip hop que ia ter, vai ser legal, o DJ Hollywood vai estar lá. Valeu, cara, mas eu preciso voltar pra casa. Fomos os dois pra tabela de partenza e descobrimos que o melhor trem era um pra Dortmund, mas que ele já tinha partido às 21 e pouco. Era mais que 11 da noite. Tinha um trem pra Parigi, às 23:35, saindo do binario 9. Quis comprar bilhete na máquina, mas a máquina não vende bilhetes internacionais. A bilheteria estava fechada faz tempo. O negão insistiu que eu dormisse na casa dele, que fosse na festa hip hop, mas eu preferi ir ao binario 9. Ele perguntou ao controlador de bilhetes se eu podia comprar um bilhete a bordo, se era mais caro, porque a coitada não tinha culpa que a bilheteria tava fechada. É 105 euros na bilheteria ou a bordo. Subi no trem. O meu companheiro quis o meu telefone, mas não tinha caneta, nem papel. Ficou pedindo caneta e papel pros controladores de bilhete noiados e estressados, até que um passageiro deu uma caneta pro homem. Entreguei o papel com o meu e-mail pro negão, e a porta do trem se fechou com rancor. Era um trem noturno, com cabinas pra se dormir deitado. Os homens uniformizados me mandaram pro vagão 86. Fui seguindo dois americanos de mochilão enorme, que mal passavam pelos corredores. Por que esse povo faz a mala como se estivesse fugindo de casa? Chegamos no vagão 86, fomos mandados mais pro fundo. Cheguei no último compartimento do último vagão. Tinha duas mexicanas e um americano sentados lá. Me juntei a eles, esperando o controlador de bilhetes. Me dei conta de que eu não tinha 105 euros em cash, e que ele poderia não aceitar cartão. Rezei pra ficar invisível, pra me esquecerem.
Eu lembrava de ter visto Lyon no itinerário do trem. Pensei em saltar em Lyon, achando que iam controlar os bilhetes perto de Paris. O trem parou em Dijon, a cidade em que o Ferrone morou, e de lá em diante uma névoa espessa se estendeu sobre a França. Pouco antes de chegar a Paris, o controlador de bilhetes veio devolver os passaportes e trocos dos meus companheiros de compartimento. Sim, eles recolhem os passaportes dos passageiros em trens noturnos que atravessam fronteiras internacionais. Isso quer dizer que eu teria chamado muita atenção se tivesse descido em Dijon, porque era esperado que eu ainda não tivesse recebido o meu passaporte de volta. Depois de mais ou menos 9 horas de viagem, o moço vinha devolver os passaportes. O moço olhou pra mim. O meu telefone tocou, era uma mensagem da Vodafone dizendo que eu estava na França e podia comprar créditos por lá. Quando levantei os olhos, o moço dos passaportes tinha sumido. Rezei pra ele esquecer de mim, não reparar que eu não tinha recebido o passaporte, não checar que passageira era aquela. Foi torturante, como o trem entrou devagar na estação de Paris. As portas se abriram. Fui a segunda a descer. Olhei pra trás, havia um uniformizado em cada porta do trem, menos na minha. Caminhei pelo voie (binario) até chegar na rua. Ninguém me chamou de volta. Agradeci aos céus. Eu não quis fazer turismo em Paris num dia nublado, com sono, fome e sem banho. Descobri de onde partem os ônibus mais baratos da Europa e comprei passagem pra Den Haag, dali a meia hora. Foram mais ou menos 7 horas de viagem no buzão, com duas pausas de 20 minutos, por 37 euros. Passamos por Bruxelas e Antuérpia, que são cidadezinhas bacanas. Em Den Haag, peguei 2 trens pra Nijmegen e cheguei em casa mais ou menos 31 horas depois de ter saído do aeroporto de Ciampino. Turismo radical.
Tá vendo, com a minha sorte de economizar os 105 do trem a Paris, gastei só 79 euros pra chegar na Holanda, sendo que a passagem de avião - cujo valor me será restituído - custou 75. A única diferença foi o tempo: 31 contra 4 a 6 horas...
Roma
Cheguei a Roma e Manoela me deu as direções pra eu chegar na casa dela. Oi, eu sou a Lou, amiga do teu namorado. Conversamos bem e pra caramba, e decidimos fazer um giro por Roma ainda de noite. Não levei a máquina, portanto estamos sem fotos noturnas. Vaticano, com a Basílica de San Pietro. Reparem que o cartaz à esquerda traz os dois Papas. Bizarro. Essas coisas na praça diante da basílica são cadeiras, pra galera sentar e ouvir o Papa falar. A fila de turistas estava gigantesca.
O novo engrupindo o velho.
A Boca de la Verita. Se colocar a mão e a boca fechar, significa que o cabra é mentiroso. Boti me disse que do outro lado da boca tinha um sujeito com um martelo na mão. Dependendo da mão que entrava pela boca, o martelo descia com fúria.
Uma das várias fotos de piso com mosaico. Tudo mármore, veja só!
O novo engrupindo o velho.
A Boca de la Verita. Se colocar a mão e a boca fechar, significa que o cabra é mentiroso. Boti me disse que do outro lado da boca tinha um sujeito com um martelo na mão. Dependendo da mão que entrava pela boca, o martelo descia com fúria.
Uma das várias fotos de piso com mosaico. Tudo mármore, veja só!
Poverello...
Colosseo. Não entramos, porque tem que pagar. Turismo low budget não permite que se pague pra entrar no coliseu.
Qualquer negócio pra agradar turista.
Foto de cartão postal, hein!
Colosseo. Não entramos, porque tem que pagar. Turismo low budget não permite que se pague pra entrar no coliseu.
Qualquer negócio pra agradar turista.
Foto de cartão postal, hein!
Uma das várias fontanas com água fresquinha.
Parque arqueológico com suas muitas ruínas de muitos monumentos grandiosos.
Manoela é estudante de (doutorado em) arquitetura. Muito da hora ser guiada por uma arquiteta por Roma!!!!
Repare como os monumentos na foto abaixo são aglomerados no centro histórico. A foto é da Manoela. Obrigada!
Ao lado do Foro Romano fica a loba que alimentou Rômulo e Remo, fundadores de Roma.
Parque arqueológico com suas muitas ruínas de muitos monumentos grandiosos.
Manoela é estudante de (doutorado em) arquitetura. Muito da hora ser guiada por uma arquiteta por Roma!!!!
Repare como os monumentos na foto abaixo são aglomerados no centro histórico. A foto é da Manoela. Obrigada!
Ao lado do Foro Romano fica a loba que alimentou Rômulo e Remo, fundadores de Roma.
A única aldraba mais tchans que eu vi.
Curti o dragãozinho da cabeça que acende.
Mama mia, a loja de artigos religiosos vende talares e estolas, além de bíblias e terços.
Um animal sustentando um obelisco, que coisa inusitada. E justo um elefante... lembrei daquela história de que são 4 elefantes sustentando o mundo, que é chato como uma panqueca, e que os elefantes estão em cima de uma enorme tortuga que vaga pelo espaço sideral.
Pantheon. Se chover, chove dentro do Pantheon, se fizer sol, a gente vê esse feixe de luz.
Tudo mármore, em cores diferentes.
Fontana di Trevi.
Uma outra fontana, em forma de barca.
Esses óculos. Eu tive que me controlar a maior parte do tempo, pra não rir dos óculos enormes e coloridos que os italianos gostam de usar.
Curti o dragãozinho da cabeça que acende.
Mama mia, a loja de artigos religiosos vende talares e estolas, além de bíblias e terços.
Um animal sustentando um obelisco, que coisa inusitada. E justo um elefante... lembrei daquela história de que são 4 elefantes sustentando o mundo, que é chato como uma panqueca, e que os elefantes estão em cima de uma enorme tortuga que vaga pelo espaço sideral.
Pantheon. Se chover, chove dentro do Pantheon, se fizer sol, a gente vê esse feixe de luz.
Tudo mármore, em cores diferentes.
Fontana di Trevi.
Uma outra fontana, em forma de barca.
Esses óculos. Eu tive que me controlar a maior parte do tempo, pra não rir dos óculos enormes e coloridos que os italianos gostam de usar.
Parque em Roma.
Olha isso. O varal atravessa a rua. Só na Itália.
Essa igreja tava preparada prum casamento.
Na igreja a sinistra, tava acontecendo um velório.
Ponte que dá para o Trastevere, o bairro mais fashion de Roma.
Olha isso. O varal atravessa a rua. Só na Itália.
Essa igreja tava preparada prum casamento.
Na igreja a sinistra, tava acontecendo um velório.
Ponte que dá para o Trastevere, o bairro mais fashion de Roma.
Manoela e Pedrina. Adorei tê-las conhecido.
Aeroporto de Ciampino. Cheguei com 20 minutos de folga até o check-in fechar. Muita gente desorientada, não havia fluxo nas massas. Olhei pra tabela de partenzi, e vi que o meu vôo tinha sido cancelado. Sciopero. A greve dos aeroportuários era em toda a Itália, entre 10:00 e 18:00. O meu avião partiria às 11:40. Fui sorteada, não pode ser! A segunda greve com data marcada, da qual eu sou vítima!!! Sono sfortunata!
Tinha filas enormes pra se chegar ao guichê das companhias aéreas. A fila da Ryanair era a mais comprida, que andava mais devagar. Atrás de mim, um grupo de holandeses de Nijmegen! Eita mundo pequeno... Na minha frente, franceses tentando furar fila, dizendo em francês que não me compreendem. Italianos velhinhos furando fila, dizendo que iam cortar caminho por aqui. Espanhóis ignorando a fila, achando que era tudo um aglomerado de gente. Fui informada pelos holandeses que o próximo vôo a Eindhoven era dali a 6 dias. Eles queriam alugar um carro, tavam pesquisando ônibus e acabaram conseguindo um vôo pela Transavia, por 400 euros por cabeça. Eu continuei na fila, sem saber ao certo por que. Os vôos pra qualquer lugar tavam lotados, e se eu resolvesse sair de Roma de avião, eu teria que pernoitar pelo menos duas noite na cidade, pra depois pegar um vôo pra qualquer lugar que não estava no meu itinerário. De lá eu teria que sair por conta própria. A Ryanair tava transferindo vôos e devolvendo dinheiro. Mas não tinha sido eu a comprar a minha passagem, mas o Boti, porque o pagamento tem que ser no cartão de crédito, e os meus créditos no Banco do Brasil tão acabando. Então, quem teria que pedir o dinheiro de volta não era eu, mas o Boti. Por que estou nessa fila faz 4 horas?
Peguei o ônibus e ouvi esses dois conversando em alemão atrás de mim. Maria tava mostrando pro Sascha no mapa onde fica a maior aglomeração de Internetcafés em Roma. Puxei conversa e acabou que Maria nos guiou até um Internetcafé e seguiu pro trabalho dela. Sascha e eu tentamos resolver a vida pela Internet. Ele viria comigo, mas preferiu planejar melhor as coisas no computador. Eu precisava me manter em movimento. Fui até a estação e peguei um trem pra Milano.
Aeroporto de Ciampino. Cheguei com 20 minutos de folga até o check-in fechar. Muita gente desorientada, não havia fluxo nas massas. Olhei pra tabela de partenzi, e vi que o meu vôo tinha sido cancelado. Sciopero. A greve dos aeroportuários era em toda a Itália, entre 10:00 e 18:00. O meu avião partiria às 11:40. Fui sorteada, não pode ser! A segunda greve com data marcada, da qual eu sou vítima!!! Sono sfortunata!
Tinha filas enormes pra se chegar ao guichê das companhias aéreas. A fila da Ryanair era a mais comprida, que andava mais devagar. Atrás de mim, um grupo de holandeses de Nijmegen! Eita mundo pequeno... Na minha frente, franceses tentando furar fila, dizendo em francês que não me compreendem. Italianos velhinhos furando fila, dizendo que iam cortar caminho por aqui. Espanhóis ignorando a fila, achando que era tudo um aglomerado de gente. Fui informada pelos holandeses que o próximo vôo a Eindhoven era dali a 6 dias. Eles queriam alugar um carro, tavam pesquisando ônibus e acabaram conseguindo um vôo pela Transavia, por 400 euros por cabeça. Eu continuei na fila, sem saber ao certo por que. Os vôos pra qualquer lugar tavam lotados, e se eu resolvesse sair de Roma de avião, eu teria que pernoitar pelo menos duas noite na cidade, pra depois pegar um vôo pra qualquer lugar que não estava no meu itinerário. De lá eu teria que sair por conta própria. A Ryanair tava transferindo vôos e devolvendo dinheiro. Mas não tinha sido eu a comprar a minha passagem, mas o Boti, porque o pagamento tem que ser no cartão de crédito, e os meus créditos no Banco do Brasil tão acabando. Então, quem teria que pedir o dinheiro de volta não era eu, mas o Boti. Por que estou nessa fila faz 4 horas?
Peguei o ônibus e ouvi esses dois conversando em alemão atrás de mim. Maria tava mostrando pro Sascha no mapa onde fica a maior aglomeração de Internetcafés em Roma. Puxei conversa e acabou que Maria nos guiou até um Internetcafé e seguiu pro trabalho dela. Sascha e eu tentamos resolver a vida pela Internet. Ele viria comigo, mas preferiu planejar melhor as coisas no computador. Eu precisava me manter em movimento. Fui até a estação e peguei um trem pra Milano.
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