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Na rua, lama marrom muito escura. As ciclovias estavam parcialmente livres. Pedestre tinha que andar na neve fofa ou nas pegadas dos outros, mas sempre na neve. Andar na neve faz barulho, mas não saberia descrever o som. Andar na neve fofa é um pouco mais fácil que andar na areia fofa. Levanta-se muito os joelhos, pisa-se com os calcanhares. Observar as pessoas andando na neve daria uma boa sessão de Silly Walks, do Monty Phyton.
Ainda na Groesbeekseweg, uma senhora de seus 50 anos, ombros encurvados, andar meio de Pateta, (com a barriga empinada pra frente e passos largos), óculos de professora de ginásio, cabelo preso desajeitadamente e narizinho vermelho, sorri pra mim. Apoiados nos ombros, carrega um par de esquis. Dei risada por uma quadra. É mesmo necessário andar de esquis por Nijmegen quando neva? Quando ando pela floresta em dias de sol, cruzo com idosos andando com os - não sei o nome: os pauzinhos que se segura na mão pra esquiar. Mas ela tinha esquis, que se veste nos pés.
Na floresta havia muitas pegadas de sapatos e patas de cachorros. Vi pais sorridentes e crianças radiantes, em seus trenós desenterrados dos armários; cachorros entusiasmados, mordendo bolas de neve que lhes eram jogadas por seus donos. E vi muita neve. Dava pra ver nitidamente de que lado o vento tinha soprado a neve. Galhos fininhos sustentavam camadas grossas de neve. O céu tinha um tom levemente alaranjado - na escala dos laranjas, o mais fraquinho. Era preciso usar a touca do jaco, porque a neve caía das árvores em grandes unidades de neve, e fora isso a garoinha persistia. Ao sair do bosque, reconheci as minhas próprias pegadas no chão. Que inusitado... Sinal de que o movimento tá fraco. Olhei mais uma vez pras árvores que margeavam a floresta. Não estão mais brancas. O vento e a garoa derreteram 65% da neve. No chão, muitas poças de água muito marrom. Quando pisei numa dessas poças e senti o pé gelar, percebi que as minhas botas são water-resistant, não water-proof. Resistiram bem, até eu pisar na poça.
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