Começou a nevar lá pelas 11 da manhã. Da minha janela, tirei fotos. Muito bom, estar no quentinho, olhando a neve cair ora em flocos grandes (sono giganteschi!), ora em flocos pequenos, que quando chegam perto de uma parede, esquecem da força da gravidade e ficam dançando no ar, se perdendo das minhas vistas.
Uma hora depois, desci até a porta de casa e tirei mais fotos da neve caindo e se acumulando. Nunca tinha visto neve que fica, aqui em Nijmegen. As outras duas vezes em que nevou, ela logo derreteu, sem deixar rastro.
Uma hora depois, desci de novo, e notei que mais neve havia se juntado. Fiquei meio assim, pô, hoje era dia de caminhar na floresta, mas com essa neve - neve é molhada, sabe? É água! Eu via as pessoas passando na rua. Senhorinhas empurrando suas bicicletas. Imagino mesmo que não seja fácil pedalar com tanta neve. Quem vinha contra a neve, tinha o peito branco, os olhos arregalados e respiração visivelmente ofegante. Quem vinha com a neve nas costas, tinha as costas brancas e tava rápido demais pra que eu pudesse examinar suas feições.
Às 3 da tarde o mundo estava coberto de neve. Saindo ou entrando de casa, nenhuma pegada. Um tapete branco se estendia até onde a vista alcança.
Mas aí, às 4 da tarde, parou de nevar, e só uma garoinha silenciosa se fazia presente. Botei o meu super jaco laranja de expedição ao Pólo Sul, touca, cachecol, luvas e botas e fiz as primeiras pegadas do dia na neve fresquinha. Hm. Será que essas botas são impermeáveis?
Na rua, lama marrom muito escura. As ciclovias estavam parcialmente livres. Pedestre tinha que andar na neve fofa ou nas pegadas dos outros, mas sempre na neve. Andar na neve faz barulho, mas não saberia descrever o som. Andar na neve fofa é um pouco mais fácil que andar na areia fofa. Levanta-se muito os joelhos, pisa-se com os calcanhares. Observar as pessoas andando na neve daria uma boa sessão de Silly Walks, do Monty Phyton.
Ainda na Groesbeekseweg, uma senhora de seus 50 anos, ombros encurvados, andar meio de Pateta, (com a barriga empinada pra frente e passos largos), óculos de professora de ginásio, cabelo preso desajeitadamente e narizinho vermelho, sorri pra mim. Apoiados nos ombros, carrega um par de esquis. Dei risada por uma quadra. É mesmo necessário andar de esquis por Nijmegen quando neva? Quando ando pela floresta em dias de sol, cruzo com idosos andando com os - não sei o nome: os pauzinhos que se segura na mão pra esquiar. Mas ela tinha esquis, que se veste nos pés.
Na floresta havia muitas pegadas de sapatos e patas de cachorros. Vi pais sorridentes e crianças radiantes, em seus trenós desenterrados dos armários; cachorros entusiasmados, mordendo bolas de neve que lhes eram jogadas por seus donos. E vi muita neve. Dava pra ver nitidamente de que lado o vento tinha soprado a neve. Galhos fininhos sustentavam camadas grossas de neve. O céu tinha um tom levemente alaranjado - na escala dos laranjas, o mais fraquinho. Era preciso usar a touca do jaco, porque a neve caía das árvores em grandes unidades de neve, e fora isso a garoinha persistia. Ao sair do bosque, reconheci as minhas próprias pegadas no chão. Que inusitado... Sinal de que o movimento tá fraco. Olhei mais uma vez pras árvores que margeavam a floresta. Não estão mais brancas. O vento e a garoa derreteram 65% da neve. No chão, muitas poças de água muito marrom. Quando pisei numa dessas poças e senti o pé gelar, percebi que as minhas botas são water-resistant, não water-proof. Resistiram bem, até eu pisar na poça.
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