quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Muito barulho por quase nada

Hoje foi o grande dia de conversar com o orientador. Descobrimos que tudo não passou de uma falha de comunicação.


Quando ele disse You have to do it my way ele quis dizer: pequena Lou, quando a gente publica um artigo com um experimento ou uma hipótese teórica, a gente espera que as pessoas possam fazer o mesmo experimento, seguindo os mesmos métodos, mas com pessoas/ línguas diferentes. O que você fez foi achar que não há comparação possível e mudar completamente de direção e me apresentar outra coisa. Tá. Verdade.

Quando ele me escreveu um e-mail dizendo que o meu texto era Impossible to read, ele se referia ao formato do texto que eu mandei por e-mail pra ele. No meu computador, o texto aparecia normal. Na tela do computador dele, todas as mudanças operadas no texto apareciam em caixas de comentários à direita da página, um monte de coisas sublinhadas e outros tipos de poluição visual, que eu absolutamente não imaginava que estivesse ali. Puxa. Maish qui miérrda!

Quando ele demorou uma semana pra responder - depois de eu ter cutucado uma resposta em relação a um e-mail que eu lhe mandei reclamando desse tratamento que ele tava me dispensando, - ele tava indo todo dia na B.00.74, pra ver se eu tava lá. Como estávamos num pico de muuuuuuuuuuuita chuva, eu não tava indo pra universidade, e tava trabalhando em casa. Hm.

Muito bem, decidimos que precisamos nos comunicar mais.
Resolvemos falar de trabalho. Antes de mostrar uma outra versão de um rascunho pra artigo, resolvi perguntar onde é que eu tava errando, por que cargas d´água eu tava com estruturas tão complexas e as dele eram tão simples. Abrimos o livro em que está o artigo dele, que eu devo tomar como base, apontamos para cada categoria, discutimos o que cabe dentro dela, e eu percebi que eu tava um erro muito crasso.
Quando ele fala de nonfiniteness, ele pensa em duas coisas: ausência de verbos e ausência de flexão verbal, encontrada em verbos não-finitos. Eu tava entendendo que nonfiniteness se referia a verbos não-finitos (infinitivos, particípios e gerúndios) e tava certa de que o meu super afásico é muito diferente de todos os afásicos do mundo. Porque ele apresenta muito poucos verbos não-finitos. Mas o número de sentenças sem verbo é alto, então ele volta a se encaixar no parâmetro.



Na B.00.74 todos tavam me esperando, na expectativa: será que ela sobrevive a um confronto com o orientador? Voltei tão aliviada, que devo ter intrigado os meus colegas. Kolk e eu acreditamos nas mesmas coisas, concordamos um com o outro, até achamos que muita coisa ali não é sujeito-predicado, mas sim tópico-comentário, mas nossos métodos são diferentes. Pra mim essa coisa de nonfiniteness não tava clara, porque não tava suficientemente explicada no artigo que eu tomava como base.

O orientando mais antigo do Kolk, Peter Kok, veio me ver logo em seguida. Nosso orientador parece ser um cara osso duro de roer pra novas idéias. Meio impenetrável pro que foge das coisas que ele pensa e discute. Mas esse não é o meu problema. O meu problema era entender coisas básicas. E aí o Peter confirmou que o Kolk assume que seus orientandos sejam auto-suficientes pra entender as coisas básicas. A teoria dele é brilhante, as aulas dele são geniais, ele sempre tem uma ótima explicação pras coisas, mas essa coisa de explicitar o método não é bem o forte dele, então eu vou te ajudar. Semana que vem, sexta-feira, cê vem na minha sala e me mostra os teus dados e como cê tá organizando eles, e na semana seguinte a gente vê como você progrediu.

Caraca, agora me sinto a pessoa mais orientada do mundo!!! Rosana em Campinas, e aqui Kolk e Kok. Maravilha!!!!

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