Este é Jeroen, lavando a louça. O primeiro prato que ele me deu pra secar tava cheio de espuma, então eu o coloquei debaixo da água corrente da pia, pra poder secar um prato sem espuma de detergente. Ele franziu a testa e disse que nas cozinhas holandesas a espuma faz parte da louça lavada. Pode secar. O meu companheiro de secagem, Jesse, nem reparou nos montes de espuma que ele enxugava com a toalha, e Jonas, que usa os pratos, copos e talheres que nós lhe dávamos, não se alarmou com a espuma. Cada qual com seus caracól.
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Vida social
Este é Jeroen, lavando a louça. O primeiro prato que ele me deu pra secar tava cheio de espuma, então eu o coloquei debaixo da água corrente da pia, pra poder secar um prato sem espuma de detergente. Ele franziu a testa e disse que nas cozinhas holandesas a espuma faz parte da louça lavada. Pode secar. O meu companheiro de secagem, Jesse, nem reparou nos montes de espuma que ele enxugava com a toalha, e Jonas, que usa os pratos, copos e talheres que nós lhe dávamos, não se alarmou com a espuma. Cada qual com seus caracól.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
domingo, fevereiro 25, 2007
Sem luz
Super bom saber dessas coisas. Aí a gente evita constrangimentos e sai de casa com as luzes à mão. Ontem eu resolvi pedalar apesar da chuva. De noite, porque o meu dia tinha sido curto e pouco produtivo. É, pois é.
Pequena Lou sai de noite, debaixo de chuva, de calça apertada, sapatilha e jaco laranja pra pedalar por uma hora. Chegando em Groesbeek, a 5 km daqui, a luz da frente chiu.... cabô. Já era. Bom, as ruas são iluminadas e eu tô na ciclovia. Será que a luzinha de trás também morreu? SIM!
Atravesso Groesbeek e pego a estrada. Não tem mais ciclovia. Tem placas pros motoristas cuidarem dos ciclistas (fietsers), mas putz, sem a luzinha de trás é difícil motorista me ver. A rua é estreita. Percebo que eles me vêem, sim, mas passam dando farol alto. Especialmente os que vêm na direção contrária. Estes vêm vindo com farol alto, percebem que há algo difuso ali, abaixam o farol, opa! se ligam que é ciclista sem farol e só de raiva dão farol alto na ciclista que precisa continuar vendo o asfalto.
Chego na divisa com a Alemanha, preciso cruzar a rua e entrar na ciclovia. Um carro entrando na Holanda cruza devagar, mas não pára. Eu também vou devagar, mas na defensiva. Preciso desviar do carro, porque o motorista não e viu. Que droga, pedalar sem luzinha, porque ela é um ponto de orientação pra galera!!!
Subo Berg en Dal. Caraca, árvores dos dois lados, escuro, difícil de ver as marcas da ciclovia, epecialmente depois que um carro passou com farol alto. Nunca subi aquele morro tão rápido. E tão ofegante e tão morrendo.
Bom, tava na hora de trocar as pilhas mesmo, (as da lanterna pisca-pisca vermelho ainda eram brasileiras!!!) só não imaginava que fosse justo numa noite em que resolvo pedalar tão longe. Claro que ja recarreguei as pilhas da lanterna da frente e que amanhã vou acordar pensando em pilhas pequenas pra luz traseira.
sábado, fevereiro 24, 2007
Pra não dizer que não vi Glasgow
A moça atrás do balcão perguntou alguma coisa e sorriu. Eu sorri de volta, o que foi interpretado como uma resposta afirmativa. Jogou vinagre e sal sobre os meus fish and chips. Not bad.
Manezona
Glasgow não tem muitas atrações turísticas - pelo menos pelo que pude perceber pelo mapa da cidade. Eloy ia ver o jogo do Barcelona contra Liverpool (os catalães perderam) em um pub qualquer. Eu fui até a catedral e depois ao cinema. Vi The Science of Sleep. Bonito. Depois do filme, encalhei na recepção do albergue, pra ouvir as estórias do recepcionista, que na verdade era hóspede pagando pela estadia com o seu trabalho na recepção.
Ainda ouvi os roncos do Eloy, mas não o vi mais de olhos abertos. Dei um abraço no recepcionista que avisou que me dá um toque quando estiver passando pela Holanda e encarei um dia de chuva e espera pela hora de pegar o mesmo X77 com o mesmo motorista furioso e gentil como uma pedra. Hoje eu teria tido 30 segundos de tempo antes do check-in fechar, se houvesse check-in pra Düsseldorf.
Feijão e folhas de louro
Caminho de volta
Este não é um monumento antigo, antigão, tipo antes de Cristo. Não. Isto é um monumento em memória dos falecidos entre 1914 e 1918. Mas se integra à paisagem como se fosse tão antigo como o castelo.
O castelo
Mas a porta de entrada estava trancada a cadeado. Preferimos não escalar as paredes assim, sem equipamento. A vozinha na cabeça avisava que o telefone anunciado na placa era 999. Nada de manobras radicais. Nos contentamos em explorar o buraco no monte. The hole in the hill.
Do outro lado havia mais mar e mais gaivotas e mais trilha e mais praia de pedra.
E aí o sol apareceu por entre as nuvens e deu cores mais alegres às paredes sozinhas da ruína do castelo.
Mané
Enfim, o mar!!! Trata-se de uma pequena cidadezinha em que as pessoas não entendem que você não entende o sotaque local e repetem tudo o que disseram em volume mais alto. Mas o motorista do ônibus foi gente boa.
Ficamos brincando com essa estória de ligar pra guarda costeira, pra resgatar quem desviasse da trilha, até que ouvimos um tigurf na água e as gaivotas alarmadas. Um tanto de pedra se desprendeu do penhasco e caiu no mar, não é preciso ligar pra guarda costeira.
As cores são impressionantes, o verde parece que tem luz própria e brilha de dentro.
Aberdeen
Aberdeen é cinza: os prédios são todos construídos com o mesmo tipo de pedra cinza, o asfalto é cinza e o céu pesado de nuvens gordas é cinza. Todas as casas - menos a do Christian - têm várias chaminés.
Dei uma volta no parque atrás da universidade de Aberdeen, só pra fugir do cenário cinza e escrever cartões postais.
Em casa, cozinhei pra 4. Paolo, o italiano que namora a Camila, brasileira, se juntaram a nós. 3 físicos e uma lingüista ao som de Jethro Tull.
Camila foi dormir, os restantes da trupe foram a um pub. Sim, Pequena Lou tomou um copão de limonada com gosto de adoçante num pub chamado Blue Lamp. Era segunda-feira, noite de jam-session.
Nem Christian, nem Paolo, que tocam violão, - não ouvi, mas observei que têm as unhas da mão direita mais compridas que as da esquerda - se atreveram a acompanhar David, o cantor doido.
Good-bye, Dublin
Cidade em que a primavera se mostrou em várias cores e formas.
Wicklow
Wicklow fica a uma hora e meia de Dublin, e no domingo só é servido por dois ônibus: um que chega por volta das 13:00 e outro que parte às 17:40. Tem a parte das ruínas, do santuário e cemitério, e tem a parte das caminhadas.
Preferimos não fazer a caminhada de 4 horas, e escolhemos a de 2. Depois de uma hora de caminhada, percebemos que o cálculo do tempo não se aplicava a nós e nosso passo de gazela. Aproveitamos pra entrar em várias trilhas.
Eu estava com o mapa e fui nomeada a navegadora. Grande coisa ser navegadora e não olhar nem no mapa, nem prestar atenção nas bifurcações do caminho. A conversa fluía, que era uma maravilha, e acabamos percorrendo trechos de todas as 7 trilhas que havia no mapa e desbravando uma outra que não estava no mapa.
Temos tempo? Sim, temos uma hora pro ônibus sair. Ah, então vamos subir essa montanha aqui e ver a paisagem de cima. Havia veados na montanha. Uau. Pena que são ariscos demais e avessos às lentes das nossas câmeras.
Temos tempo? Não. Corre! O ônibus sai em 10 minutos. Pronto, chegamos na trilha que havíamos abandonado. Pelo mapa, deveríamos ir pra esquerda, mas meu senso de direção gritava que era pra direita que devíamos ir. Ali mais à frente havia crianças cruzando o rio. Entraram no jardim de uma casa, brincando. Pra que lado fica o estacionamento? Direita. Há!Corremos. Christian chegou antes de mim, porque eu não consigo lembrar de respirar quando corro.
O ônibus ainda não tinha chegado e havia uma multidão esperando pra voltar pra Dôblen. Quebrei a cabeça pra entender aquele mapa e cheguei à conclusão de que -mais uma vez- eu estava fora do mapa.
Áreas verdes
Saint Patrick´s Cathedral fica ali perto, mas a praça em volta da catedral mais parece um jardim em Gramado do que um parque em que se senta nos bancos, brinca com crianças e cachorros, traz a farofa, treina malabares ou joga bola.
Trinity College também fica no centro. É a universidade mais antiga da cidade e tem muitos prédios cinzas. Os bancos pra se sentar e olhar a grama verde têm, entalhados no encosto de madeira, o nome de alguém que morreu. Hm...
Castle é ali do lado, e tem atrás de si um pequeno jardim com desenhos que lembram caminhos. Só pra ver, não é pra caminhar.
No mapa tava escrito que ali era o zoológico, mas não chegamos até ele. Christian e eu caminhamos por muito tempo olhando pra uma paisagem assim. Aí, quando desisti definitivamente de ligar pra Christiane, irmã do Renato que está em Dublin, e quando o sol deu cores quentes aos objetos vivos e sem vida, resolvemos voltar para a cidade com seus ônibus duplos fazendo curvas inclinadas, motoristas do lado direito de seus veículos de quatro rodas, turistas espanhóis e restaurantes lotados.
As fachadas
As fachadas dos imóveis meio que seguem um padrão. Não são glamurosos, mas são quase todos parecidos com fachadas de pub.
Claro que há prédios modernos, e que há adaptações. Nosso albergue, por exemplo, foi um dia um colégio tipo internato e igreja. Sim, o refeitório era a parte da igreja, os quartos eram os quartos dos alunos. O vitral atrás do altar foi substiuído e mostra hoje alguns jovens de mochila nas costas e passo leve. Era engraçado ver os cozinheiros (havia quatro lá, um pra servir café ou chá em xícaras e outro pro caso de alguém pedir ovos mexidos com bacon e salsicha e os outros pra fazer companhia) no altar, conversando e rindo.
A foto em que se vê uma porta vermelhona não retrata um pub, mas uma loja de moda. Tá vendo como há um certo padrão nas fachadas?!