sexta-feira, junho 29, 2007

De bicicleta no trem

Eu nunca tinha transportado uma bicicleta num trem holandês. Eu tinha reparado que havia sempre um vagão reservado para as bicicletas: ou o primeiro, ou o último. Mas os cartazes avisando que a bicicleta é bem-vinda estão em todos os vagões, o que já me confundiu. Adoro as placas holandesas, são à prova de mal-entendidos, com desenhinho. A bicicleta dobrável - coisa que eu não tenho - vai de gratis tanto no trem como no avião, sem problema, sem reserva, sem malabike. A bicicleta normal é que é complicada de se transportar...
E esse bilhete pra bicicleta não pode ser comprado com o controlador, na hora, tem que ser comprado na máquina. Foi assim que eu perdi o primeiro trem.
Paguei os 6 euros pela bicicleta. Catzo! Quem transporta uma geladeira no trem não paga um bilhete pela bagagem, mas a bicicleta não-dobrável precisa de um bilhete de 6 euros.
O vagão de bicicletas no trem holandês é pequeno e não oferece nada pra se prender a bike. É um espaço vazio. Tive a sorte de pegar um vagão que tinha um porta defeituosa. Justo a porta pela qual eu queria sair. Pus a bike na roda traseira e caminhei pelo corredor do vagão de passageiros surpresos ao ver uma bike empinada forçando-os a caminhar naquela direção.
O vagão de bicicletas no trem alemão é mais preparado em termos de espaço - 5 vezes maior que o do trem holandês, mas também não tem nada pra se prender a bike. Vi uns moços com aqueles elásticos com ganchos nas pontas, que eles passaram no quadro e prenderam na calefação. Pois é. Eu pus a minha mochila entre as rodas, bem na corrente recém-lubrificada (maravilha!), pra Pequena Giant não dançar muito.

Aí veio a parte do pesadelo. O trem na foto de cima é um trem regional, e ninguém veio controlar a minha passagem ou o bilhete da bicicleta (que eu já não tinha mais, porque eu já tinha cruzado a fronteira e o bilhete da bicicleta holandês só é válido na Holanda). O trem de baixo é um IC, mais caro, mais rápido, menos paradas. Por todas essas qualidades, mais controlado.

Por uma manezice minha (eu tinha tentado entrar com a bike no ICE, o trem mais rápido que há, mas o controlador me informou que é impossível levar a bike no ICE. Quem anda de ICE, disse o meu irmão mais tarde, carrega uma pasta executiva, não uma bike!) eu estava atrasada em duas horas pra pegar este IC, cujo bilhete eu tinha comprado com desconto, um mês antes. O último vagão estava lacrado, olha que maravilha, entrei no penúltimo e deixei a bike na porta para o vagão lacrado, sabendo que ela estava atrapalhando a passagem das pessoas que subiam e desciam do trem. Mas como era um IC, não tinha muitas paradas. Larguei a bike e a mochila ali e fui procurar lugar pra sentar no trem cheião. A controladora me cobrou uma multa de 34 euros por eu ter perdido o trem que saiu 2 horas antes. Foi-se o desconto. Não mencionei a bike encostada lá no fundo. Ela viu a bicicleta, fez cara feia, mas não perguntou pras pessoas de quem era aquela bicicleta em lugar inapropriado. A discrição alemã. Nada de escândalo, nada de levantar a voz. Veio uma segunda controladora, porque em algum lugar trocaram de staff, e essa gritou pra dentro do trem de quem era aquela bicicleta. Fui lá. Ela tinha caído, eu a levantei. Esta bicicleta deveria estar no vagão de bicicletas! Mas o vagão de bicicletas está lacrado! Isso não é um vagão de bicicletas. Uai, não era o primeiro e o último? Não no IC. No IC, só o primeiro vagão é reservado pras bicicletas. Ah, eu não sabia. A controladora queria ver o meu bilhete da bicicleta. Não tenho. Então a gente vai jogar a bicicleta pra fora na próxima estação. Ô loco! Posso comprar um bilhete agora, como você? Sim, são 9 euros.

Todo mundo nos 2 compartimentos de cabinas para 6 pessoas, no compartimento de fumantes e no compartimento onde eu tava sentada, soube a quem pertencia aquela bicicleta no fim do corredor. Na hora de eu descer, a controladora tava de novo do meu lado. Ela abriu a porta -ainda bem, porque eu detesto essa manivela impossível. Um passageiro me ajudou a botar a bike pra fora, porque ela tava ao contrário e eu tava meio - como é que eu vou sair com ela, se eu não consigo virar a bichinha aqui dentro...

Finalmente o último trem, um trem regional - em que eu novamente não fui controlada.
A melhor parte foi poder pedalar de Bassum pra casa dos meus pais, e não ter que pedir pra alguém vir me buscar. O mais frustrante é que essa foi a única vez que eu pedalei a Pequena Giant, porque chove aqui. Eu queria ir a Bremen (30km), ver alforjes pra roda da frente e voltar (os mesmos 30km). Esse plano foi por água abaixo.

terça-feira, junho 26, 2007

Que cor é essa?

"If we touched it with the tip of a finger, it would feel like something between iron and copper.
Se o tocássemos com a ponta dos dedos, a sensação do toque seria algo entre ferro e cobre.

If we took it into our palm, it would burn.
Se o tomássemos na palma da mão, nos queimaria a carne.

If we tasted it, it would be full-bodied, like salted meat.
Se lhe sentíssemos o gosto, ele seria encorpado, como carne salgada.

If we took it between our lips, it would fill our mouths.
Se o puséssemos entre os lábios, nos encheria a boca.

If we smelled it, it´d have the scent of a horse.
Se lhe inalássemos o cheiro, teria o odor de um cavalo.

If it were a flower, it would smell like a daisy, not a red rose."
Se fosse uma flor, teria o cheiro de uma margarida, não de uma rosa vermelha.
(Orhan Pamuk, My name is Red: 227)

Definir cores é uma das tarefas mais complicadas que há. Cores são apreendidas visualmente, e a associação que somos capazes de fazer é da cor com o objeto que carrega a cor, mas não da cor com um som, cheiro, gosto, sensação tátil, ou mesmo com palavras.
Estamos acostumados a apontar para coisas que tenham a cor que queremos definir, (vermelho como um tomate) ou simplesmente apontamos para objetos que tenham a cor em que estamos pensando (vermelho assim, como este tomate).

Conheço um moço que está fazendo experimentos com sujeitos afásicos: ele mostra uma palavra que tem o nome de uma cor escrita em outra cor, como por exemplo: green. Para o sujeito afásico, ler uma palavra assim dá um baita estresse cognitivo. Tá escrito verde, mas tá em amarelo...

Lembro de ter lido sobre um experimento que fizeram com pessoas normais. Deram vinho branco e vinho tinto e vinho branco tingido de tinto. Apesar dos gostos do vinho branco e tinto serem muito distintos, todo mundo que bebeu do vinho branco tingido de tinto, disse que era um ótimo vinho tinto.

Ah, sim, a cor, definida na citação acima, é vermelho.

segunda-feira, junho 25, 2007

Rainbow

Era mais de um. Este tem duas camadas de azul e roxo. Tinha mais um outro, mais fraco, acima deste. Este era mais forte, e era visível de ponta a ponta. Pena que arco-íris são tão efêmeros. Não deu tempo de eu sair da estação, pegar a bike e pedalar até o rio, que é onde o espetáculo tava mais grandioso.

domingo, junho 24, 2007

Nomes de músicas

Nomes de músicas instrumentais sempre me intrigaram. Como é possível dar um nome para uma obra musical que não tem letra, que não conta uma estória, que não canta as virtudes de ninguém, que não recorre às palavras? Será que a escolha do nome é aleatória?

Imagino que os clássicos tenham pensado assim, já que na música erudita, os nomes das peças muitas vezes são referentes às características da própria música (sinfonia, ópera, concerto, sonata...). O que diferencia uma sonata de outra é um número, e basta, não há quase nenhum apelo à imaginação de quem ouve a peça.

Mas não precisa ser assim. Quem ouvir Jazz e ler os títulos de algumas músicas como, por exemplo: Serenade for the Renegade, The Message, Ballad for the Unborn, The Face of Love (tudo Esbjörn Svensson Trio), já imagina de cara que a música vai ser, no mínimo, apelativa aos sentidos românticos.

Já nomes de músicas como Tchfunkta (Stanton Moore), Spunky Sprawl, Do the jangle, Spam-bo-limbo e Dodge the Dodo (EST) te avisam que serão animadas. Não importa o que os nomes significam, pode até ser que não signifiquem nada, mas eles indicam que o som vai ser tão doido como o nome que ele carrega.

Os melhores nomes do trio nórdico são:
From Gagarin´s Point of View (que me leva ao espaço sideral, sentindo a leveza das estrelas),
Strange Place for Snow (que me leva pro deserto ou floresta Amazônica, olhando pra neve branca caindo em pleno verão)
When God created the Coffeebreak (que me faz pensar que houve um período na história da humanidade em que não havia pausas para café, nem café em pó)
Good Morning, Susie Soho (que me faz pensar na descendência da Susie, lençóis brancos e raios de sol entrando pela janela enorme)
Last Letter from Lithuania (que evoca uma situação trágica, em que a maior tragédia é a perda do contato entre as pessoas)
Definition of a Dog (puxa vida, como uma música vai definir o que é um cachorro...)

Mas o melhor nome de música instrumental, ganhando de longe de todos, é Alice, a Lagarta e o Hotel em Acapulco. O quarteto no palco era formado por saxofonistas, mas a estrela era Manu Falleiros, irmão da minha aluna de alemão. Manu anunciou nome da próxima música e deu aquela risadinha que cabaretista dá antes de contar uma piada.

Bom. Vocês todos conhecem a Alice, que seguiu o coelho e foi parar no País da Maravilhas. Certamente também lembram da lagarta sentanda em cima de um cogumelo gigante, fumando qualquer entorpecente não-identificado e falando beeeem devagar. Estes são os personagens, meio fora da realidade, meio em outro mundo. Agora vem a parte do hotel. Não sei se todos se lembram, mas houve um episódio de Chaves, em que todos, o Seu Madruga, o Seu Barriga, o Chaves, a Dona Florinda, o Kiko e a Chiquinha, possivelmente até a Bruxa do 71, foram para Acapulco, passar as férias. Acapulco era um lugar de luxo, e hospedar-se num hotel em Acapulco era sinalizar um alto status social. Alegria de pobre. Muito bem. Quando vocês ouvirem este som saindo deste sax (por favor, você pode fazer uma demonstração? Claro: pflóc próc pwóc) imaginem a lagarta numa das paredes do quarto do hotel em Acapulco, correndo de uma ponta a outra, na velocidade ditada pelo saxofonista. Quando ouvirem este som saindo deste sax (uma demonstração, por favor? Claro: pfráwuáwá) imaginem a Alice fumando o fumo da lagarta, alegre por estar em um hotel em Acapulco.

sábado, junho 23, 2007

Oriente

Hayat, que usa a mesma sala de computadores que eu, a B.00.74, que é orientada pelo mesmo holandês gigante que eu, e que é lingüista como eu, me convidou pra jantar na casa dela. Não sei nem escrever o nome das coisas iranianas que eu comi, mas garanto que estavam muito boas. O que mais me impressionou durante a comida foi que, quando eu tinha comido metade do que estava no meu prato, ela pôs mais comida no meu prato. Mas Hayat, ainda nem terminei o prato! Desculpe, estou sendo iraniana, e não posso deixar de colocar comida no seu prato. Quando limpei o meu prato, adivinha o que aconteceu! Lá veio a colherona cheia de comida pra cima do meu prato, e não tem conversa, cê não comeu quase nada! Demorei pra comer mais essa porção, e tive que insistir pra Hayat não encher o meu prato de novo. Desculpe, é o meu modo iraniano de ser.
A surpresa gastronômica mais agradável foi o chá de açafrão. Wikipédia para os momentos de dúvida:

Saffron, Safran, saffraan ou açafrão dá uma coloração amarelada para o chá ou arroz, tem um gosto fraquinho, ressaltado pelo açúcar do chá, e é um dos temperos mais caros por quilo que há.


A flor de açafrão é estéril, e para ser reproduzida, dar mais de uma florada, ela precisa da intervenção do homem. Imagino que este fator influencie o preço da especiaria.

Mas não ficamos comendo e bebendo chá por sete horas. Não, conversamos bastante, e percebo agora que a minha estadia nos Países Baixos me trouxe muito mais conhecimentos sobre o mundo oriental do que eu podia imaginar. Não é só a convivência com Kaleem e Hayat, é também o livro de Orhan Pamuk (cuja estória se passa em Istambul), são as imagens de Mohamed Somji e as estórias vindas de Dubai.

quinta-feira, junho 21, 2007

Recebi e-mail do Al Gore

Caraca, que coisa mais diferente, receber um e-mail de pessoa tão ilustre. Era sobre o Live Earth, os shows que acontecerão dia 07/07/07.

Se pensar bem, só essa data aí já parece coisa conspiratória. Receber e-mail assinado por Al Gore, então, parece apelativo. De repente todo o Live Earth parece uma festa religiosa e o líder espiritual é um ex-candidato à presidência dos EUA.

Li o e-mail. Ele convida não pra participar dos shows, indo aos estádios, viajando para as cidades mais próximas ou coisas do tipo. Ele pede que as pessoas assistam aos shows no dia 7 de julho pela TV. Pede ainda que as pessoas façam uma festa em suas casas, com a TV ligada e amigos em volta. Recortei algumas partes do e-mail:

Holding a Live Earth Party is easy. All you need is a television and a few friends. We will provide you with all the tools you need.

If you host a Live Earth Party, you´ll have acess to a special video I´ve made to urge people to take action. Together, we can convince everyone attending these parties to get involved.

A primeira imagem que me veio à mente foi uma cena de um filme do Batman. Acho que era o Coringa, que queria dominar o mundo através das ondas emitidas pelas televisões. As ondas magnéticas hipnotizariam as pessoas, fazendo uma lavagem cerebral. Tudo bem, admito que não é preciso que um filme do Batman me diga o que a TV faz: hipnose e lavagem cerebral.

A segunda coisa que me veio à mente é que puxa vida, eu queria participar de uma causa em prol do Planeta, eu queria encarar a salvação do mundo como uma missão de vida, mas sinceramente, acho que tenho outros meios menos chamativos de ser ecológica.

Housedinner

Housedinner mais uma vez! Alexis fez tortilhas pra gente, porque o Rubén tinha prometido fajitas e não fez. Na mesa, descobri que são a mesma coisa. Reparem que não estamos sentados na cozinha, mas no jardim!!!
Housedinner, once again! Alexis made tortilhas for us, because Rubén had promised us fajitas and didn´t make them. At the table, I found out they are the same dish. Note that we are not sitting in the kitchen, but in the garden!!!

Helena, a mais nova moradora. Ela vem de Praga, mora no quarto em frente ao meu e já se enturmou bem aqui.
Helena, the newest inhabitant of this house. She comes from Prague, lives in the room oposite to mine and is getting along well here.
Clément, que o Rubén chama de 'Clemente!!!!' Ele fez pose pra essa foto, eu aceitei a opção dele de aparecer assim.
Clément, who Rubén calls 'Merciful!!!!' He posed for this picture, so I accepted his choice to appear like that.

Quando os franceses cozinham, aparecem mais franceses pra jantar. Este é Arno, que eu só vejo em housedinners feitos por francófonos.

When french people cook, more french people come to have dinner. This is Arno, who I only see when a french-speaking person makes housedinner.

Cabrón, fazendo pose. Ele está começando a ficar preocupado com o nome dele, que parece que está escapando da memória das pessoas. Tem gente pensando que 'Cabrón' é o nome dele. Se não o primeiro nome, então o sobrenome. Sabe o Rubén? Que Rubén?! Aquele espanhol baixinho, que trabalha na Schneider. Ah! Cabrón? Esse!

Cabrón, posing. He is starting to worry about his name, that seems to be evading people´s memory. There are some people thinking that ´Cabrón´is his name. If not the first name, then the family name. You know Rubén? What Rubén? That short spanish guy that works for Schneider. Ah! You mean Cabrón? Yeah, whatever.

Annelies.Ianeka, a nova namorada do Alexis. Ela é holandesa, mas adora falar francês, e o que mais se ouvia na mesa, era o Alexis pedindo pra galera falar inglês.

Ianeka, Alexis new girlfriend. She is dutch, but loves speaking french. So, it was common that we heard Alexis asking people to speak english at the dinner table.

Alexis.

Boti.

Talvez alguém tenha sentido a falta de Kaleem. Esse tá nos Estados Unidos, participando de um cogresso.

Maybe someone misses Kaleem on the pictures above. He is in the US, attending to a conference.

quarta-feira, junho 20, 2007

Pequena Lou e a fotocopiadora

Aê, mina, eu sou operador de máquina fo-to-co-pi-a-do-ra, falô!

Hehe, toda vez que eu preciso operar a máquina de xerox, eu lembro do filme "O homem que copiava". Tiro o chapéu pra quem sabe lidar com máquinas grandes e complexas como essa. Pois é, brasileiro é sempre atendido por operadores de máquinas fotocopiadoras, e quando não pode contar com o serviço dessas pessoas, fica perdido - a não ser que seja ele próprio alguém do ramo.

Pois eu tenho um cartão de cópias que serve para todas as máquinas de xerox em todas as bibliotecas da Radboud Universiteit. Grande coisa. O segredo de ter as coisas, é saber usá-las.

Fui até a máquina, encarei-a por meio minuto, examinando sua superfície. Depois dessa apreensão visual das características básicas do meu oponente, ataquei. Levantei a tampa e tentei entender as marcas no painel. Calculei as possibilidades de folhas A4 serem do lado direito, botei o cartão na máquina, abri o livro na página certa, virei-o para o painel, posicionei-o do lado direito. Identifiquei o botão verde enorme de VAI, apertei-o e fui buscar a folha que a máquina cuspiu:


Saiu pretinha! Ói, que perfeição! Pena que essa deu perca, como diziam os meninos do xerox do IEL. Mas é com os erros que a gente aprende, e fui capaz de fotocopiar um artigo inteiro, sem cortar margens, pular páginas ou clarear o contraste.

Lembrei de retirar o cartão da máquina, porque isso é uma coisa importante. A máquina me pediu paciência: even geduld. Esperei, e li a mensagem seguinte: kaart komt. Cartão a caminho. Puxa, bem mais fácil operar uma máquina que interage com o operador!

Megaeventos em Nijmegen

Dia 8 deste mês vieram os Rolling Stones. Vieram pra Nijmegen e tocaram no Goffert Park, o parque central da cidade. Megaevento.
Sábado agora, dia 24, vêm os Red Hot Chilli Peppers. Os ingressos são caros. É no mesmo parque, mas eles fecham a área pública, pra poderem cobrar 175 euros de quem quer estar dentro da parte cercada naquela noite. Megaevento.
Quinta-feira, dia 28, vem Pearl Jam. Mesmo parque, de tarde e não de noite, mesmo esquema: ingressos pra ficar em pé, porque não tem arquibancada, cadeiras ou bancos. Este show custa 75 euros. Megaevento.

É só um chute, mas a julgar pelo tanto de gente que se aglomerou em volta do parque, pra ouvir os Rolling Stones, acho que nos dois shows seguintes vai ter tanta gente fora como dentro do Goffert Park. Meu, eu já paguei somas que eu considerei absurdas pra ir ver um show, mas 75 euros beira o impossível pra mim. Um ingresso de 175 euros, então, é coisa virtual. Não existe.

terça-feira, junho 19, 2007

Longe

"Longe é só um lugar
onde você nunca foi."

Taí, gostei.

segunda-feira, junho 18, 2007

A única mulher brasileira

Não sou mais a única mulher na casa. Agora Helena, tcheca de Praga, mora no quarto em frente ao meu.
Não acredito mais que eu seja a única brasileira em Nijmegen. Helena e Hayat me falaram de um tal de Marcelo, carioca, que acha que é o único brasileiro nesta cidade holandesa. Escrevi pra ele, pra provar que ele não está sozinho. Antes do fim desta semana, nos encontraremos, só pra ter certeza da existência do outro.

domingo, junho 17, 2007

Posso fazer uma pergunta?

Quando brasileiro quer pedir informação a um desconhecido, ele o aborda com uma das possíveis expressões:

Por favor! ...
Uma informação, por favor. ...
Ôh, campeão! ...

Quando um alemão quer pedir informação a um desconhecido, ele o aborda pedindo desculpas:

Entschuldigung...

Falante de inglês pede licença:

Excuse me, ...

Pois os holandeses não têm uma fórmula própria, e perguntam se podem fazer uma pergunta. Nem sei escrever como isso soa, mas confio que acreditam que eu entendo que é isso o que os holandeses dizem quando me abordam na rua, pra pedir informação. Nos finais de semana, mais gente me pede informação, porque é nesses dias que as pessoas saem de suas cidades e se aventuram pelas ruas e bosques de Nijmegen, até se perderem, virem uma pessoa caminhando e ... posso fazer uma pergunta?
O doido é que eu entendo a pergunta, entendo pra onde eles querem ir, e sei como se faz pra chegar lá. Só não sei falar holandês. Explico pra eles em inglês que rua (com uma pronúncia relativamente boa nos nomes das ruas) devem pegar, de que lado fica o bairro que eles querem. Eles não acreditam em mim. Quê que essa estrangeira tá me dando direções? Dou detalhes do trajeto, tipo a ponte, a estação de trem, o lugar onde a galera vem com os cachorros, a grande árvore caída. Agradecem e vão até o próximo pedestre, perguntar se podem fazer uma pergunta.

sábado, junho 16, 2007

Planeta azulzinho

G8

Live Earth

An incovenient truth

Climate crisis

São alguns dos links que abordam e discutem o aquecimento global. O maior evento político aconteceu na Alemanha, entre os dias 6 e 8 de junho, no encontro G8.

Um evento de outra natureza está sendo planejado nos 7 continentes: Live Earth. Não sei qual é a repercussão desse show no Brasil. Vai ser um mega-evento no Rio de Janeiro no dia 7 de julho (07/07/07), mas as bandas ainda não estão definidas.
Por enquanto é possível ver vídeos no site dos caras. São vídeos curtos sobre os países que vão participar desse megashow no mesmo dia: Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, China, Japão, Austrália, África do Sul e Alemanha. Nos vídeos são mencionados os maiores problemas ambientais que estes países causam: emissão de gás carbônico em todo lugar e, particularmente na China, a produção e queima de carvão. As imagens mostradas são de indústrias cuspindo massas de fumaça e carros poluindo o mundo. As soluções propostas são mais investimentos em energias renováveis, carros menos poluentes, mais catalizadores e filtros. Só um vídeo, o de Londres, aborda a bicicleta como meio de transporte sustentável e alternativo. Um.
Entre os vídeos aparecem propagandas da General Motors. O pior é que não há como controlar as propagandas: não dá pra parar, pular ou avançar as propagandas. Ou seja, a pessoa que quer ver vídeos sobre problemas ambientais pelo mundo afora, é obrigada a ver propagandas de carro. Pra mim, isso é um paradoxo. Dos grandes.

Achei que eu sabia pouco sobre o aquecimento global e aluguei o filme do Al Gore, An inconvenient truth . Dou créditos pro homem, porque ele é um dos caras que está por trás do Ponto de Mutação (Mindwalk), do Capra, que é uma senhora dona aula sobre sistemas interligados, ecologia, consciência de si e do meio-ambiente. É um filme tão esclarecedor quanto The Corporation, mas não tem o apelo à revolta, e não deixa o espectador com a sensação de inconformação e impotência. O filme do Al Gore é muito pessoal, e aponta para soluções. É um dos poucos filmes que eu conheço que mostra que a ciência deve servir à vida cotidiana, não ficar trancafiada nos laboratórios. (Esse ponto é o me encanta no Capra.) As soluções são simples: reciclar, não desperdiçar, mudar.

Eu queria que mais gente no mundo tomasse conhecimento das mudanças de temperatura, população e mentalidade que estamos enfrentando nesse Planeta azulzinho. São alarmantes.

Um passo pra frente, três pra trás

As reformas nessa casa são eternas e não-lineares. Os homens envolvidos nessa atividade perene e inconstante da reforma da casa são, basicamente, pertencentes a três categorias:
  1. os caras da água,
  2. os caras da energia elétrica e
  3. o carpinteiro Jan, que na verdade é pintor, e ex-dono de farmácia.

Todos eles são profissionais, mas ninguém faz o seu serviço direito.


3. Jan pediu um monte de lâmpadas pras nossas pias nos nossos quartos. Vieram lâmpadas trocadas, Jan parou de vir e os meninos estão sem luz na frente do espelho e não sabem onde fazer a barba, já que eles só têm a pia do quarto pra fazer isso. As pias dos banheiros ou não têm água, ou são minúsculas. Não sei onde eles se barbeiam desde novembro do ano passado.

2. Tivemos incontáveis blecautes na casa, com ou sem o disparo do alarme. Tudo porque os caras da energia elétrica foram incapazes de trocar os fusíveis queimados por novos que fossem mais resistentes.

1. Os caras da água não causaram só um vazamento. O último vazamento que eles deixaram é entre o teto do térreo e o chão do primeiro andar. A água escapa pela lâmpada de emergência, o que - óbvio! - causou um curto-circuito e resultou num blecaute.

A merda é que os blecautes sempre acontecem nos fins-de-semana, quando não se encontra facilmente um eletricista, encanador ou outro resolvedor de problemas. A droga é que os nossos movimentos já são ritualizados. Já sabemos quais tomadas continuam funcionando, sabemos onde estão as extensões, concordamos em quem vai salvar a minha geladeira e o freezer, quem vai conectar a outra geladeira, organizamos os turnos de quem vai usar a tomada ao lado do fogão.

É muito frustrante ser vítima da incompetência dos outros.

quinta-feira, junho 14, 2007

E o pensamento lá em você

Em 3 meses, exatamente, eu volto pro Brasil. Estranho, como o tempo voa. Acho que aproveitei bem o meu tempo aqui.

Em relação à pesquisa, acho que aprendi a me colocar perguntas interessantes. Trabalhei feito uma condenada no começo, achei que fosse impossível continuar, depois vi que era mais simples que eu imaginava, e o primeiro artigo saiu. Foi submetido, mas ainda não sei se será aceito pra publicação. O segundo artigo está empacado, mas não é por minha causa. A minha co-autora é muito cautelosa com as palavras e lenta pra escrever, porque ela tem aulas pra dar e filho pra criar, além desse artigo que estamos escrevendo juntas. O terceiro artigo está sendo escrito em português, porque eu acho importante que as coisas que eu tenho pra dizer sejam ditas nessa minha língua materna. A minha busca por artigos relevantes na biblioteca vai melhor aqui, mas é uma coisa que não tem fim, porque sempre é possível fazer uma nova conexão entre os velhos temas (preposição, afasia, aquisição), e sempre tem gente escrevendo coisas interessantes de se ler.

Em relação à vida social, fiz boas amizades aqui, me prendi mais intensamente aos brasileiros espalhados na Europa e em certos períodos tive intensas interações via e-mail com muita gente no Brasil. Mas nada se compara à vida de república de Barão Geraldo, onde todo mundo se conhece e se freqüenta. É muito rara a ocasião em que encontro algum conhecido na rua aqui. No supermercado, então, isso nunca aconteceu, por exemplo. Sei que isso é uma medida quantitativa. Se eu ficasse aqui por mais tempo, conheceria mais gente, portanto tropeçaria em mais gente conhecida numa variedade maior de lugares. Em termos de qualidade, gosto das pessoas que conheci aqui.

Em relação à vida cultural, putz, que desgraça. Fui ao cinema pouquíssimas vezes, não fui ao teatro nenhuma vez, nem ao circo não fui!!! Só me lembro de um show, mas eu fui lá porque a galera foi, não porque eu soubesse quem ia tocar. Não fiz parte de nenhuma oficina, não fui a nenhuma exposição fora alguns museus e não participei de nada folclórico. Meu gosto musical mudou um pouco, mas isso absolutamente não significa que eu esteja ouvindo música local. Pelo contrário, descobri a Bossa Nova e o Jazz. O resto continua igual, e tenho certeza de que eu apresentei muita coisa nova pra galera da minha casa: os meus CDs ficam na cozinha. É muito legal chegar em casa e ouvir Lenine, Marisa Monte, Kid Abelha ou Manu Chao tocando na cozinha lotada.

Em relação à saúde, estou bem. Pedalo basicamente todo dia, caminho bastante nos bosques, escalo duas vezes por semana. Desde que comecei a almoçar no bandejão, engordei, e quando parei de comer lá, voltei a me sentir confortável dentro de mim. Atualmente, sou quase uma vegetariana. Já viu gaúcha vegetariana? Pois é, não dá.

Viajei bastante, mandei um monte de cartões postais pra galera que tinha me dado seu endereço, e agora ainda faltam duas coisas: ir a Portugal e viajar mais pela Holanda.

quarta-feira, junho 13, 2007

Bicikleppa

Genial, não?

Idéia do Telmo. Eu achei o máximo. Bom nome pruma próxima bicicleta minha.

Animus e anima

Quando Carlos e eu estavamos pedalando pelos arredores de Águas de São Pedro, conversamos sobre características que cabem na gaveta chamada de feminino e na outra, identificável pelo rótulo masculino, como por exemplo a capacidade de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Conversar no telefone, tricotar e ver a novela são tarefas distintas, e se realizadas ao mesmo, são parte do que é chamado de característica feminina. Outra coisa que diferencia animus (masculino) de anima (feminino) é a forma como se lida com problemas. Quem tem a anima mais pronunciada, apenas relata um problema. Já que tem o animus mais forte, tenta resolver o problema. Carlos me contou uma anedota que exemplifica essa situação, e eu guardei essas informações todas numa das gavetas da memória.

Semana passada, escalando com Tanguy, vivenciamos um exemplo do tipo: como anima e animus lidam com problemas.
Eu fiz uma via, Tanguy me deu segurança. Quando pus os pés no chão, apontei pra via e disse que tinha uma agrarra solta.
Onde?
Ali, aquela em forma de borboleta.
Tá. (Me deu as costas e começou a ir em direção à porta.)
Ué, onde você tá indo?
Buscar uma ferramenta pra prender a agarra.
Puxa, cê vai resolver o problema?
Claro!

segunda-feira, junho 11, 2007

Bom lugar pra ler um livro


Imagens da biblioteca no Max Planck Institut. As duas paredes mais compridas são na verdade uma enorme janela, com vista para o bosque de um lado e para um laguinho artificial com ninféias - rodeado de bancos e mesas pra galera curtir um solzinho - do outro lado.

Eu costumo sentar aqui, e ocupar esse tanto de espaço. Raramente tem gente lendo na biblioteca. Tem a estagiária digitando qualquer coisa em alto e bom som, tem duas bibliotecárias (oh, vida!) trilingües que conversam como se estivessem embaixo de uma cachoeira, dão risada daquelas risadas que vêm de dentro e conversam no telefone, uma com a outra, com a estagiária, e quando uma fica sozinha, ela conversa com o computador. Bibliotecária é tudo igual, só muda de biblioteca.

Esse é o arquivo sobre trilhos que abre à manivela. Uma vez acompanhei Melissa Bowerman com o olhar. Esse nome é famoso no âmbito da Aquisição de Linguagem. Ela subiu as escadas até o arquivo, começou a girar a manivela e se surpreendeu com a estagiária saindo apressadamente de um corredor de livros, antes de ser prensada. Oh, sorry, I didn´t see you!!!! That´s OK. Does this happen very often? Not really.

domingo, junho 10, 2007

Pequena Giant


Dunas?

Não, não são dunas. É uma - putz! não sei o nome disso. Indústria de fazer cimento?

As flores do campo




Os campos de trigo






Rijndijk

Pedalando nos diques (dijk) do Reno (Rijn).
Panqueca, ou Pannenkoeken, é o prato mais tipicamente holandês que há por aqui. Verdade, a culinária aqui é bem internacional, e uma das poucas coisas típicas daqui é a panqueca. Não são espetaculares, e custam em média 10 euros, ou seja, não é tipo um sanduba. A galera vai em restaurante no fim-de-semana pra comer panqueca, nos Pannenkoekenhuis. Agora, um barco que serve panqueca, essa é nova!
Um dique não precisa ser uma linha reta ao longo do rio retificado. Veja quantas curvas eu encontrei aqui.
Hehe, foram tosqueadas recentemente.

Tudo está muito verde. Os campos de trigo, milho e batata estão assim.Lagos espalhados por toda parte. Meio waterworld...
Gostei das cores contrastantes. E a previsão do tempo anunciava chuva...

Antes e depois


A primeira foto foi tirada no tempo das inundações, a segunda é de hoje. Olha só como a paisagem muda. Que bom que eu acertei o lugar, depois de tanto tempo!
A previsão do tempo anunciava chuva o dia todo, mas quando o sol saiu às 3 da tarde e os passarinhos se puseram a cantar, duvidei que fosse chover. Peguei a minha bicicletinha e fui pra região dos diques. Segui as placas pra Ooij (não faço idéia de como se pronuncia isso!) e depois pra Millingen. Retracei a rota pelo Bikely e deu uns 44km. Em 4 horas. Fui devagar, hein!!!!

sábado, junho 09, 2007

Seqüência

1
2
3
4
ou não...