Sobrevivi a um dia sozinha em casa. Subi e desci as escadas sozinha, esquentei o meu almoço, consegui chegar perto o suficiente do toca-discos, pra poder ouvir músicas que eu achava que tinha esquecido, tirei a tala do pé e jantei. O mais complicado é transportar coisas. Coisas pequenas vão no bolso da calça, mas aí o volume me atrapalha pra andar. Eu tinha uma bolsa de pendurar de atravessado, mas eu não sei onde ela foi parar.
Transportar coisas maiores, como por exemplo o meu almoço, é mais complexo. Como eu preciso das duas mãos nas muletas, só consigo fazer com que algo chegue ao seu destino aos poucos: vou depositando a panela, por exemplo, no fogão, na pia, na mesa.
Fiz uma putz chávena de chá mate. Chá que os meus pais troxeram do Brasil. Mas como levar o chá da cozinha pra sala, ou pro quarto, no andar de cima? Sem chance, bebi chá na cozinha mesmo.
Fazia tempo que eu não sentia fome, daquelas de apertar o estômago e forçar sons abafados do interior da pessoa. As refeições na casa dos pais seguem horários, que não coincidiam com os meus horários de fome.
De noite os meus pais já voltaram de Cuxhafen, onde a minha mãe montou uma exposição. Bom, pelo menos sei que posso me virar sozinha. Mas os meus pais ainda me acompanham nas escadas, fazendo torcida.
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