quinta-feira, novembro 09, 2006

Prostitutas e maconheiros

Desculpem, nem me liguei que essa pudesse ser uma curiosidade que as pessoas têm sobre os holandeses. Mas é. Sorte que eu acompanhei uma conversa na cozinha entre Pegah, a estudante de direito, e sua colega de sala holandesa.

É sabido que a maconha é legalizada aqui, que ela é vendida e consumida nos coffeeshops. Talvez não seja sabido que nas festas rave há controle de qualidade das drogas em forma de pílulas. Ecstasy e Speed são verificados quanto à pureza por autoridades tipo polícia. A idéia que está por trás desse comportamento é: não adianta tentar impedir a garotada de se drogar, eles vão usar essas substâncias de qualquer jeito. O que podemos fazer é controlar que não tomem coisas que provoquem desconfortos que levem os usuários ao hospital.

Parar no hospital por causa de entorpecentes não é uma coisa boa. Nem pra quem tá achando que vai morrer, nem pros cidadãos que pagam seus impostos. Os pagantes de impostos se aborreceriam se pagassem impostos (que vão pra saúde, onde são aplicados no salvamento de doidinhos que tomaram uns troço que dá barato) para manter vivos os adolescentes sedentos por experiências novas.
(Parto do princípio de que as drogas são coisas de adolescente ou junkie. Um quer conhecer sensações novas, o outro não consegue se livrar da dependência que já está impregnada até os ossos. O adolescente passa dessa fase e boa, passou. É que nem começar a fumar depois dos 25 anos de idade. Pôxa, as pessoas fazem essas coisas pra pertencer a um grupo, e normalmente os adolescentes precisam se integrar em grupos não pelo que são ou querem ser, mas pelo que aparentam, pelo que mostram de si, pelas coisas que penduram em si. Posso estar totalmente equivocada. É o meu jeito de ver as coisas. Passei careta pela adolescêcia, portanto não me peçam pra ir num coffeeshop, porque eu não vou.)

Outra coisa da legalização das drogas é que, a partir do momento em que a maconha, por exemplo, não é mais ilegal, não há mais arbitrariedade de preços. Os preços são tabelados. Não sei se baixam, mas foi observado que a criminalidade entre adolescentes baixou. Não é mais preciso roubar pra conseguir grana pra comprar as dorogas.

Senti o cheiro de maconha mais de uma vez, mas até agora não vi ninguém estourando um baseado no meio da rua ou numa praça pública. O fato de ser legal não faz com que as pessoas se beneficiem disso, fumando maconha.

As prostitutas trabalham com carteira de trabalho, férias, seguro de saúde e tudo mais que um assalariado tem. Não reparei em nenhuma até agora.

Reparei, contudo, que em Barão Geraldo o número de prostitutas aumentou. Tinha uma no ponto de ônibus, do outro lado do posto de gasolina, na entrada de Barão. O ônibus dela nunca chegava, e ela esperava lá, naquele mesmo lugar, incansavelmente, por noites a fio. A outra espera do outro lado da avenida, no estacionamento da loja de armarinhos e coisas de costura, do lado da fruteira.
Talvez uma das duas devesse atravessar a rua, pra poderem compartilhar sua solidão.

2 comentários:

Anônimo disse...

estou com tigo e ñ abro. Fico feliz em saber q vc pensa assim! Há uma turma "moderna"(????) Tô fora dos "modernos". Conheço tudo isso de perto. Os exessos. A escravidão dos sentidos. Mas, só se faz conta disso qdo a "casa cai" nada mais satisfaz... nem as drogas, aí meu é o fundo do poço, o vazio e o escuro... é vero.

Anônimo disse...

O bom é ser feliz e careta, careta e feliz, ñ precisa ser exatamente na ordem.(nem tão careta assim, viu?)