segunda-feira, novembro 27, 2006

Na videolocadora

Estava com fome e sede de ver filmes. Não só curtas pelo portacurtas, mas filmes, assim, de pelo menos uma hora e meia de duração. Uma opção seria o cinema, a outra a locadora.

No cinema iam morrer uns 8 euros pra eu ver um filme em som original (espanhol, no caso de "Volver", do Almodóvar, ou inglês, no caso de qualquer outro que eu escolhesse) e legendas em holandês. Meu espanhol não é tão bom assim, muito menos pra acompanhar as neuróticas mulheres de Almodóvar. Restaria um filme em inglês. James Bond ... hm... ahm ... não.

Vamos pra locadora. Fiz a ficha de cadastro, e como não tinha ninguém na loja e a moça tava só catalogando filmes, ela largou seus afazeres e me apresentou toda a locadora. Foi realmente um tour, e deu pra notar que ela tava degustando as palavras inglesas na boca. Por fim, mostrou que os filmes estão divididos por gênero: dramas aqui, ação ali, infantis deste lado, lançamentos toda a parede aqui, eróticos lá atrás, suspense do lado dos de horror, aqui na frente os que nós, da locadora, achamos que realmente são bons; e aqui os de cultura. Aqueles que são realmente cult. Aqueles filmes-cabeça, que tem que prestar atenção.
Se eu levasse 3 filmes do catálogo, ou seja, não-lançamentos, pagaria 7 euros e poderia ficar com eles por uma semana.

Hm... ahm... melhor que cinema.

Agradeci e me pus à procura de um filme que eu ainda não tivesse visto e pudesse ser apreciado numa língua que eu entendo. Na estante dos filmes cult estavam os filmes estrangeiros, claro. Argentinos, japoneses, australianos, iranianos, essas nacionalidades. Havia dois brasileiros lá. Um dava pra imaginar mesmo que fosse tipo o cartão postal do cinema brasileiro: "Cidade de Deus". Não que eu tenha gostado do filme (saí verde e vomitando da sala, antes do fim do filme), mas é que fez sucesso e vendeu bem. O outro... puxa, que decepção! "Maria cheia de Graça", aquele filme com o Padre Marcelo e Giovanna Antonelli, ou sei lá como ela se chama. Não sei se esse filme fez sucesso e vendeu bem. Mas essa é a imagem que se tem do Brasil fora dele? Violência e fervor religioso?

E o que acontece com "Narradores de Javé"? Esse é pra mim um dos melhores filmes brasileiros que eu já vi. Não tinha nem pra vender em Campinas, só pra alocar... Ou "Aspirinas, urubus e cigarros" ou algo assim, não lembro da ordem das palavras, mas acho que são essas. Outro filme brasileiro bom. Bom mesmo!

Acho que se eu tivesse visto "Durvaldiscos" na estante da videolocadora de Nijmegen, ao invés da "Maria cheia de Graça", eu teria saído de lá divertida pela idéia de que a imagem construída do Brasil é a de violência e insanidade alegre.

2 comentários:

Carlos Teixeira disse...

Lou, você acha chato eu ficar dando pitaco nas suas palavras?
O nome do filme é "Cinema, aspirinas e urubus". Não tem cigarro... O pessoal fuma muito por aí?

iglou disse...

Não acho chato, não, relax. E obrigada por me corrigir.

Na Alemanha e França eu notei que se fuma mais que aqui, na Holanda. Não sei de onde vieram os cigarros que eu pus no título...