sexta-feira, setembro 22, 2006

Chegada

Desculpe a falta de acentos graficos. Eles existem, mas nao querem aparecer em cima das letras, soh do lado delas: ` ~ ^ nao teem perspectiva de subir na vida.

Bom, vamos lah. Cheguei em Amsterdam e liguei pro Leo, o cara que me aluga a casa, pra ele me buscar em Nijmegen. Beleza. Peguei uma conexao de trens pra Nijmegen meio chata, porque tinha duas baldeacoes no trajeto. Antes de Utrecht sentei do lado de uma familia rastafari. Todos negoes do cabelo trancado. O cara que controla os bilhetes soltou algum comentario preconceituoso e bah, o pau quebrou ali, em holandes!! Eu nao entendi nada, soh idiot! e outros xingamentos, mas achei inusitada a situacao de preconceito racial (eles falavam holandes) jah no primeiro dia. Na segunda baldeacao eu precisava caminhar muito com as duas malas moh pesadonas: uma de 24 e a outra de 34 kg. E tinha a mochila nas costas, com 3 garrafas de pinga! Eu andava um pouquinho, descansava um pouquinho. Um moco que tava empurrando a bicicleta dele parou e se ofereceu pra ajudar. Levou a mais leve. Quando ele achou que a gente tava muito devagar, ele prendeu a bike dele num poste, pegou a mais pesada e seguimos ateh o trem. Uau, hein? Entrei no trem e ele ainda conferiu com a controladora de tickets se aquele era mesmo o trem pra Nijmegen.
Uma cena besta de briga por causa de um comentario infeliz num trem, um moco prestativo no outro. Bem-vinda a Holland.

Leo me levou pra casa, e pra minha surpresa, tenho uma casa soh pra mim. Eh, sao 30 m quadrados com sala/ quarto, um banheiro em que nao tem pia (tirei a samambaia que tava na pia do quarto/ sala, porque eu nao consigo escovar os dentes na pia da cozinha) e tem uma lata vertical em que tomo banho. Tem uma cozinha com tudo que eu preciso, ateh jah tinha bebidas na geladeira. No quarto/ sala tem 3 possibilidades pra se dormir.

Leo eh um cara de 56 anos, loiro, claro, e a esposa dele, Jacqueline, de 49, tambem eh loira dos olhos claros, obvio. Os dois sao super atenciosos e curiosos - no bom sentido. Leo me emprestou o celular dele, pra eu ligar pros meus pais, e Jacqueline emprestou a bike dela, uma bicicleta tipica daqui: guidao alto, selim enorme, paralamas, protecao na coroa, pra calca nao entrar nos dentes da coroa, alforjes impermeaveis no bagageiro, campainha e pneus finos. Uma bicicleta urbana pra todo tipo de tempo: faca sol ou faca chuva - ou neve, os holandeses estao sempre pedalando por aih.

Liguei pros meus pais e eles decidiram vir naquele mesmo dia em que cheguei. Viajaram 3 horas e meia e trouxeram roupa de frio/ banho/ cama e comida. Dormiram lah e nao me deixaram dormir, porque o meu pai ronca como um roncador profissional. No dia seguinte tava chovendo, e os dois me levaram pra Universidade, onde conversei com o meu orientador, (o homem mais alto que eu jah vi ao vivo em toda a minha existencia), fui apresentada prum monte de orientandos loiros dos olhos claros, bebedores de chah, e descobri como proceder pra me registrar aqui. Nao posso me registrar na Holanda, jah que estou morando na Alemanha.

Essa fronteira existe, apesar da Uniao Europeia. Ontem eu pedalei o dia inteiro, porque eu me perdi pra caramba em Nijmegen. Nossa, andei por todas as ruas daqui, algumas inclusive foram percorridas 7 vezes pela mesma Lou dos olhos grandes e alforje vermelho. Aih, como eu tinha me perdido tanto na cidade e tava com receio de nao achar a saida da cidade e chegar a tempo para o jantar que a Jacqueline ia fazer, comprei um mapa. Muito bem, aprendendo a lidar com situacoes dificeis.
A parte alema nao estava no mapa. Mas eu precisava saber onde fica Zyfflich, o vilarejo em que moro, pra saber pra que lado eu vou.
Pois eh, sao uns 13 km entre a minha super casa e a Universidade, mas eu ainda nao achei um caminho curto e direto. Vou dando voltas, perguntando, me perdendo...

Quando eu me registrei na prefeitura de Kranenburg, a cidade aa qual Zyfflich pertence, me deram um mapa. Yuhu! Soh tem o mundo da fronteira pra dentro, nao tem Holanda no mapa! Tah vendo, preciso de dois mapas pra me achar.

E quem achava que aqui eh tudo plano, ou praino, como dizem os caipiras, se enganou redondamente. Desci uma descidona comprida ontem, que ateh me fez ficar feliz. No meio do mato, ao entardecer, vento na cara... Pena que a bike eh daquele jeito, eu fui sentadinha, mesmo, com a coluna retinha.

Hehe, ontem eu quis abrir uma conta em banco, e tava com medo de nao saber reconhecer um, quando o visse. Pensa bem, como um gringo saberia que o Itau ou Bradesco sao bancos? Mas os bancos daqui teem bank no nome. O que me surpreendeu foi uma loja imprevisivel: anunciava revelacoes de filme em poucas horas, e eu entrei, porque eu queria comprar um filme. Tinha lah verduras, legumes, frutas, filmes, revistas, cigarros e um posto dos correios. Ainda nao sei reconhecer os Correios, mas naquela loja que faz revelacoes, eu sei que sempre acharei o que preciso. Revelador.... Revelacao....

Jah que estamos no campo mistico, meu! quando fui me registrar em Kranenburg, a mulher precisava saber (1) o meu nome, (2) o meu endereco e (3) a minha religiao!! Tah lah,
L. o. u. - A. n. n. K. l. e. p. p. a.
Muhlenend 19
47559 Kranenburg - Zyfflich
Alemanha

evangelisch.

Eu entendo 20% de holandes, e acho tudo muito engracado. A Jacqueline eh professora de holandes, entao ela fala em holandes comigo e me observa com os olhos azuis arregalados, esperando a minha ficha DDI cair.

Os holandeses loiros bebedores de chah daqui da sala dos computadores sao super legais, a guriazinha de nome complicado jah achou o menu do bandejao na Internet pra mim, o outro revelou onde posso comprar envelopes. E me ofereceram chah, por supuesto. Ah, eh, almocei no bandejao ontem! Uau! Chama Refter e tem precos de estudante (3 euros e uns quebrados) e precos de nao-estudante (4,10 euros). Tem sempre tres pratos aa escolha: holandes, estrangeiro e vegetariano. Comi um pratao belga. Mas cara, 2 reais eh o equivalente a quantos euros? Alguma coisa entre 50 e 90 centavos de euro!!! E os holandeses acham que o Refter eh putz barato.

Hoje de noite vou ver uma casa aqui em Nijmegen. Na minha casa particular com vista para uma plantacao de canola (florzinhas amarelas + campos verdes + ceu azul + algumas nuves isoladas ou riscos de fumaca de aviao = tou em casa!!!) eu soh posso ficar por um mes. O vilarejo, Zyfflich, tem por volta de 400 habitantes. Isso eh menos da metade que o numero de habitantes de Nordwohlde, onde moram os meus pais. Certamente hah mais quadrupedes que bipedes em Zyfflich. Tem uma igreja e um restaurante que soh abre de noite, mais nada.

3 comentários:

Germinal disse...

ehhhh, lou, legal o blog
jornalzim da lou
vou sempre dar uma olhada p saber das tuas aventuras
bjo, saudade
paulo

Anônimo disse...

muito legual esse relato de viajem! Eu já tava quase me sentindo em meio aos europeus loiros e bebedores de chá, trocando o calor infernal de Porto Velho pelo friozinho de lá e imaginando aquela relaxante paisagem bucólica das vacas que galopam rsrsrsrs
Só imagino a tortura q deve ter sido escrever quase tudo sem acentos... Valeu lou!
Ass: Aniel Musa

iglou disse...

Aniel,
Bem-vindo.
Sim, você acertou: não ser capaz de escrever como normalmente se escreve é uma tortura.